Partido considera que pedido de adiamento é tentativa de esvaziar o ato
Cristiane Jungblut | O Globo
-BRASÍLIA- A cúpula do PT definiu como estratégia “turbinar” e transformar num evento o depoimento do ex-presidente Lula em Curitiba ao juiz Sérgio Moro, nas investigações relacionadas à Lava-Jato. Dirigentes pretendem acompanhar Lula à capital do Paraná, independentemente da data em que ocorrer o depoimento.
A Polícia Federal pediu para que Moro transfira o depoimento, inicialmente marcado para o dia 3 de maio, mas o juiz ainda não determinou o adiamento. O PT já estava mobilizando os movimentos sociais para uma manifestação em Curitiba no dia 3, e os dirigentes ainda divergem sobre manter ou não a manifestação diante da possibilidade de adiamento.
Eterno assessor de Lula, Gilberto Carvalho está fazendo a interlocução com os movimentos sociais. A avaliação de alguns petistas é que o adiamento teria o objetivo de tentar desmobilizar os militantes.
— É como uma festa de casamento: você se organiza para uma data, compra passagem, e, se a data muda, você diz que não vai mais — disse um petista.
Por isso, devido ao esquema já montado, alguns defendiam que a manifestação fosse mantida. Mas outros avaliavam que, caso o depoimento seja adiado, será necessário mudar a data para acompanhar o dia em que Lula de fato falar. Além da manifestação, no dia do depoimento Lula estará acompanhado de caciques do partido e de parlamentares.
— Eles querem esvaziar o depoimento. Toda a bancada estará lá com o Lula. Ele está ferido e diz que só mostram meia verdade sobre sua situação — disse um parlamentar.
O ex-presidente Lula pediu aos parlamentares e dirigentes partidários que parem de brigar internamente e que o partido se una neste momento de enfrentamento da Lava-Jato. O recado foi dado no seminário realizado na segunda-feira. Segundo um dirigente, Lula está “ferido” por ser alvo da LavaJato e disse que quer ir ao depoimento para se defender diretamente.
Os dirigentes reforçam o discurso de que a imagem de Lula se reforçaria caso fosse detido ou impedido de concorrer à Presidência da República em 2018.
O ex-governador da Bahia, o petista Jaques Wagner, assumiu esse discurso e afirmou que irá acompanhar o ex-presidente a Curitiba na data do depoimento, sinalizando que não será o único.
— Será um ato de solidariedade a Lula e não de confrontação a ninguém — disse o exgovernador baiano.
Entre integrantes da cúpula do PT que participaram do seminário em Brasília, a avaliação era de que o cerco a Lula está se fechando, e a situação do ex-presidente se torna cada vez mais delicada.
Lula utilizou seu discurso no seminário para mostrar que está pronto para a “briga” e que será candidato em 2018. O ex-presidente gostou do tom adotado pela senadora Gleisi Hofmann (PT-PR).
— Aqui não tem bandido, aqui podem ter pessoas que podem ter errado. Na primeira denúncia, na primeira ofensa, não vamos baixar a cabeça — disse a líder do PT no Senado.
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