Por Cristiane Agostine e Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - Lideranças petistas apostam na política como meio mais eficaz para evitar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve a condenação em segunda instância confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Neste sentido, parte dos dirigentes pregaram ontem, na reunião da executiva nacional da sigla, a desobediência a decisões judiciais.
"Não tenho ilusão de que vamos achar saídas por dentro das instituições. Vamos derrotar este golpe com uma liminar judicial? Não. Só temos um caminho, que são as ruas, as mobilizações, rebelião cidadão, desobediência civil", afirmou o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ). "Vão fazer o quê? Prender o Lula? Então, vão ter de prender milhões de brasileiros antes", acrescentou o senador.
O deputado Wadih Damous (PT-RJ) reforçou o argumento ao defender a caminhada que os defensores do ex-presidente fizeram na noite de quarta-feira, logo após a condenação, em direção à Avenida Paulista, em São Paulo. A Justiça tinha proibido protestos da militância petista naquela região, onde grupos contrários a Lula comemoravam o resultado do julgamento.
"Esse é o modelo. Se quem deve preservar a institucionalidade, agride e hostiliza a institucionalidade, não cabe a nós ficar de braços cruzados contra decisões que atentam contra o Estado de direito. Eles jogaram fogo no país. Não cabe a nós o papel de bombeiro", declarou Damous.
Ex-presidente da OAB-RJ, o deputado fluminense afirmou que o PT não pode apostar apenas nos recursos para reverter a determinação do tribunal pela prisão em regime fechado do ex-presidente petista.
"Não vamos agir só com a ilusão da institucionalidade, porque a institucionalidade não tem dado boas respostas", afirmou Damous ao criticar o papel do Judiciário no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e o que classificou de omissão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação aos "desmandos da Lava-Jato".
Essa avaliação também foi compartilhada por outros dirigentes petistas após a reunião da executiva nacional da sigla. A ideia do partido é investir nos recursos e também nas mobilizações políticas pelo país.
Não há ainda definição sobre cronograma dos atos. Há no momento apenas um protesto convocado para o dia 19 de fevereiro, quando o Congresso Nacional planeja votar a reforma da Previdência. Em paralelo, Lula deve retomar no mês que vem as caravanas pelo país.
"Vejo duas frentes de batalha: a política e a judiciária. Estamos apostando muito mais na política, já que o Judiciário tem deixado a desejar no que se refere às garantias", declarou o deputado José Geraldo (PT-PA).
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, também fez coro aos petistas que pregam a desobediência civil e prometeu apoio dos movimentos sociais. "Aqui vai um recado para Polícia Federal (PF) e o Poder Judiciário: não pensem que vocês mandam no país. Nós, os movimentos populares, não aceitaremos de forma alguma e, impediremos com tudo que for possível, que o companheiro Lula seja preso", disse.
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