- Blog do Noblat
Ser ou não ser? Sobreviver a Lula ou arriscar-se a ir com ele para o inferno? Eis a questão que se põe para o PT desde que os três tenores de Porto Alegre, por unanimidade, condenaram Lula pela segunda vez e aumentaram de oito para doze anos uma pena que em breve deveria prescrever.
Até a véspera do julgamento, o PT imaginava ir com Lula pelo menos para o purgatório do segundo turno da próxima eleição quando então ele seria derrotado. De todo modo, menos mal. Dada às circunstâncias, sairia no lucro. Dos seus atuais 67 deputados federais, talvez a metade se reelegesse.
Depois dos 3 x 0, segurar na alça do caixão de Lula até que ele baixe à sepultura ganha ares de suicídio. E só quem perde o encanto pela vida se suicida. Não parece ser o caso de boa parte dos líderes do PT que viveram todos esses anos à custa do bornal de votos de Lula e que agora desejam sobreviver ao seu desaparecimento.
Mas Lula tudo fará para que o PT compartilhe a sua sorte. Na última quarta-feira, vestiu a uma camisa vermelha e saiu por aí. Ontem, baixou na sede do partido e em discurso para a militância disse que a candidatura à vaga de Temer não mais depende dele, depende dela e dos devotos espalhados pelo país.
Dito de outra forma: Lula pediu colo, pediu carinho, pediu abrigo, pediu que não o deixassem só. Que não o largassem tão cedo, de preferência nunca. E que só começassem a tratar de plano B, C ou Z no momento em que ele, o A, fosse forçado a matar o tempo numa penitenciária do Paraná.
Foi um convite à paralisia do partido, que só terá poucos meses para arranjar outro nome e costurar alianças. Lula empacotou seu pedido de socorro com papel de boa qualidade. Admitiu que os demais partidos de esquerda disputem o primeiro turno com candidatos próprio. Acenou com um programa de governo comum.
Lula plantou vento para colher solidariedade. Com ele no páreo ou sem, outros partidos de esquerda terão seus candidato a presidente. No segundo turno, a tendência deles será unir-se para enfrentar o inimigo. Programa de governo comum não passa de uma calça velha e desbotada. A perspectiva de poder é que une os partidos.
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