- Folha de S. Paulo
As questões que a família insiste em não responder reforçam essas e outras suspeitas
O advogado de Flávio Bolsonaro se irritou com as insinuações de que seu cliente mantinha relação de amizade com Adriano da Nóbrega, suspeito de chefiar a maior milícia do Rio e morto há duas semanas. “Não são amigos, nunca foram amigos, nunca saíram, nunca jogaram futebol”, disse Frederick Wassef.
Como não existe debate sobre a escalação do time de pelada do senador, tudo leva a crer que o doutor tenta pegar carona na confusão. A família Bolsonaro e seus aliados já disseram o suficiente para atestar seu elo com Adriano. As questões que eles insistem em não responder reforçam essas e outras suspeitas.
O defensor de Flávio fez questão de rechaçar o tal “status de amigo” depois que um vereador carioca contou que o filho do presidente visitou Adriano, então capitão da PM do Rio, mais de uma vez quando ele esteve preso, entre 2004 e 2006. Wassef afirmou que o cliente visitava diversos policiais nessas mesmas condições.
O esclarecimento seria muito conveniente se alguém desconfiasse apenas da ligação entre os Bolsonaros e um indivíduo específico. A versão da defesa sugere, na verdade, que a família servia de rede de apoio a diversos policiais suspeitos de praticar atividades criminosas.
Ao entrar mais uma vez no circuito, o presidente também não ajudou. Para proteger o filho, Jair disse que foi ele quem mandou Flávio homenagear Adriano quando o então policial estava detido, em 2005. O socorro foi inútil, já que nunca houve dúvidas de que o patriarca comanda a operação política de toda a família.
Até onde se sabe, aliás, foi Jair quem colocou o ex-policial Fabrício Queiroz para trabalhar para Flávio na Assembleia do Rio. Ele é suspeito de comandar a rachadinha no gabinete do então deputado estadual e de contratar a mãe e a ex-mulher de Adriano como funcionárias.
Ninguém explica como as duas continuaram lotadas ali até 2018, nem por que parte de seus salários passou por contas de Adriano antes de chegar às mãos de Queiroz. Algumas coisas nem precisam ser ditas.
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