Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
Depois do mais rápido curso de economia de que se tem notícia, o presidente Lula saiu de uma aula de quatro horas seguidas, sem intervalo para ir ao banheiro, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles e diretores do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES – a fina flor da equipe oficial dos comandantes do cobiçado cofre da viúva – habilitado a ensinar à população como gastar, com proveito e esperteza, as sobras dos salários milionários da classe média e dos que vivem dos ganhos nas fábricas, lojas, construções e bicos na dura luta pela sobrevivência.
Estão fora da classe os endividados, que devem cuidar de pagar as suas contas e evitar novas despesas até subir ao pódio do equilíbrio orçamentário.
A sua fala aos endinheirados embala no otimismo: os que não estão endividados devem aproveitar as oportunidades, sem gastar mais do que ganham.
Os conselhos baixam à paternal experiência de quem em seis anos incompletos pegou um país falido e transformou a herança maldita na terra da felicidade, com toques da varinha mágica do Bolsa Família, do Bolsa Estudo, da criação de empregos, do maior ministério da nossa História, na floração de mais de 100 mil cargos públicos e na elevação ao teto da lua dos vencimentos da cúpula dos três poderes.
Baixa o tom para revelar os segredos das boas compras. Adverte como amigo e conselheiro experiente que esta é a hora de fazer bons negócios. Exemplifica: de comprar o carro mais barato, a televisão com descontos, a geladeira em promoção.
Ensina o presidente atento às aflições da população: se não tivermos essa consciência e todo mundo resolver amoitar o pouco que tem em baixo do colchão (quem ainda guarda o dinheiro que não sobra debaixo da cama?) – o negrume da calamidade na queda ao fundo do horror – as pessoas não vão comprar, as fábricas não vão produzir, as lojas não vão vender e nós vamos ter desemprego.
Não se pode negar o cuidado do presidente com os erros cruzados da população no desperdício com despesas exageradas e, no oposto, com a crise de usura estimulada pelo medo do salário mínimo não chegar ao fim do mês para quitar as prestações da TV de 42 polegadas, do notebook do filho, do fogão de quatro bocas da patroa e do refrigerador de duas portas.
Mas, com a crise em disparada, com o freio nos dentes, o bom conselho de hoje pode ser a perdição de amanhã. A desaceleração da economia derruba os preços ao redor do mundo, com a maior deflação nos Estados Unidos nos últimos 60 anos.
Ao mesmo tempo em que o presidente que mora de graça, com um palácio e uma granja à sua disposição, e que conseguiu reunir um pé-de-meia respeitável, que encosta ou ultrapassa o sarrafo de milionário, o governo apela para a justificativa da falta de recursos para pagar os custos do projeto, de autoria do senador petista Paulo Paim, que cria um índice de reajuste de aposentadorias e pensões vinculado ao número de salários mínimos.
Aprovado em caráter terminativo, no Senado, pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), jogará a sorte na Câmara dos Deputados, onde o governo conta com folgada maioria.
Não se sabe se para brigar com o voto do funcionalismo público.
DEU NO JORNAL DO BRASIL
Depois do mais rápido curso de economia de que se tem notícia, o presidente Lula saiu de uma aula de quatro horas seguidas, sem intervalo para ir ao banheiro, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles e diretores do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES – a fina flor da equipe oficial dos comandantes do cobiçado cofre da viúva – habilitado a ensinar à população como gastar, com proveito e esperteza, as sobras dos salários milionários da classe média e dos que vivem dos ganhos nas fábricas, lojas, construções e bicos na dura luta pela sobrevivência.
Estão fora da classe os endividados, que devem cuidar de pagar as suas contas e evitar novas despesas até subir ao pódio do equilíbrio orçamentário.
A sua fala aos endinheirados embala no otimismo: os que não estão endividados devem aproveitar as oportunidades, sem gastar mais do que ganham.
Os conselhos baixam à paternal experiência de quem em seis anos incompletos pegou um país falido e transformou a herança maldita na terra da felicidade, com toques da varinha mágica do Bolsa Família, do Bolsa Estudo, da criação de empregos, do maior ministério da nossa História, na floração de mais de 100 mil cargos públicos e na elevação ao teto da lua dos vencimentos da cúpula dos três poderes.
Baixa o tom para revelar os segredos das boas compras. Adverte como amigo e conselheiro experiente que esta é a hora de fazer bons negócios. Exemplifica: de comprar o carro mais barato, a televisão com descontos, a geladeira em promoção.
Ensina o presidente atento às aflições da população: se não tivermos essa consciência e todo mundo resolver amoitar o pouco que tem em baixo do colchão (quem ainda guarda o dinheiro que não sobra debaixo da cama?) – o negrume da calamidade na queda ao fundo do horror – as pessoas não vão comprar, as fábricas não vão produzir, as lojas não vão vender e nós vamos ter desemprego.
Não se pode negar o cuidado do presidente com os erros cruzados da população no desperdício com despesas exageradas e, no oposto, com a crise de usura estimulada pelo medo do salário mínimo não chegar ao fim do mês para quitar as prestações da TV de 42 polegadas, do notebook do filho, do fogão de quatro bocas da patroa e do refrigerador de duas portas.
Mas, com a crise em disparada, com o freio nos dentes, o bom conselho de hoje pode ser a perdição de amanhã. A desaceleração da economia derruba os preços ao redor do mundo, com a maior deflação nos Estados Unidos nos últimos 60 anos.
Ao mesmo tempo em que o presidente que mora de graça, com um palácio e uma granja à sua disposição, e que conseguiu reunir um pé-de-meia respeitável, que encosta ou ultrapassa o sarrafo de milionário, o governo apela para a justificativa da falta de recursos para pagar os custos do projeto, de autoria do senador petista Paulo Paim, que cria um índice de reajuste de aposentadorias e pensões vinculado ao número de salários mínimos.
Aprovado em caráter terminativo, no Senado, pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), jogará a sorte na Câmara dos Deputados, onde o governo conta com folgada maioria.
Não se sabe se para brigar com o voto do funcionalismo público.
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