DEU EM O GLOBO
No Congresso, Stédile diz que eleição de Serra será "o pior dos mundos"; presidente da CNA pede ajuda à polícia
Adauri Antunes Barbosa
SÃO PAULO. Sem enfrentar qualquer resistência da polícia, apesar dos apelos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), até o fim da tarde de ontem o Movimento dos Sem Terra (MST) já havia invadido 35 fazendas em cinco estados, dentro do Abril Vermelho, como é conhecida a temporada de invasões organizada pelo movimento. Só ontem foram quatro invasões, três em Pernambuco, estado com mais casos (19 ao todo) e uma em São Paulo.
A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA, pediu ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal sejam usadas para ajudar a impedir as invasões e sugeriu ações da Força Nacional de Segurança para evitar que fazendeiros façam "bobagem" ao reagir às ocupações.
- São 13 anos de Abril Vermelho e 25 anos de MST. É tempo suficiente para criminalizar esse movimento, que já atingiu a maioridade faz tempo - criticou a senadora.
O movimentou também ocupou três escritórios regionais do Incra em São Paulo, no Paraná e em Mato Grosso. Enquanto o MST fazia as invasões, o líder do movimento, João Pedro Stédile, participava de audiência na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, onde criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e disse que a eleição de José Serra (PSDB) à Presidência "seria o pior dos mundos para o MST":
- É claro que nós percebemos que a candidatura Serra seria a retomada do neoliberalismo no Brasil, a retomada das privatizações, a retomada do que foi o governo Fernando Henrique. Então, um governo Serra, para nós, seria o pior dos mundos. Acredito que em nossas bases ninguém vai votar no Serra - disse, com a ressalva de que, até o momento, os sem-terra não discutiram em quem votar.
Convidado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a fazer um balanço sobre sua gestão na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes criticou o Abril Vermelho. Gilmar disse que o direito à propriedade deve ser respeitado:
- Protestar sim, direito de manifestação sim, direito de reunião sim, mas sem violência. Os direitos fundamentais todos, inclusive o de propriedade, devem ser respeitados.
A direção do MST vai concentrar as ações do Abril Vermelho no próximo sábado, para lembrar o aniversário do massacre de Eldorado dos Carajás. Será realizado o que o MST chama de dia nacional de lutas pela reforma agrária. Em resposta à senadora, o MST afirmou que as propostas da CNA "pretendem mais uma vez criminalizar as lutas sociais e impedir o avanço da reforma agrária".
"A senadora não apresenta nenhuma proposta para resolver os problemas das quatro milhões de famílias pobres do campo e das 90 mil acampadas em todo o país. No entanto, suas medidas buscam proteger da lei agrária cerca de 15 mil fazendeiros", afirma nota do MST.
Contra as ocupações, a CNA fará campanha na TV e designará advogados para auxiliar fazendeiros. Segundo Kátia, o pedido ao ministro é o primeiro passo da campanha "Vamos Tirar o Brasil do Vermelho - Invasão é Crime". O próximo passo será a coleta de um milhão de assinaturas contra as invasões.
No Congresso, Stédile diz que eleição de Serra será "o pior dos mundos"; presidente da CNA pede ajuda à polícia
Adauri Antunes Barbosa
SÃO PAULO. Sem enfrentar qualquer resistência da polícia, apesar dos apelos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), até o fim da tarde de ontem o Movimento dos Sem Terra (MST) já havia invadido 35 fazendas em cinco estados, dentro do Abril Vermelho, como é conhecida a temporada de invasões organizada pelo movimento. Só ontem foram quatro invasões, três em Pernambuco, estado com mais casos (19 ao todo) e uma em São Paulo.
A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA, pediu ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal sejam usadas para ajudar a impedir as invasões e sugeriu ações da Força Nacional de Segurança para evitar que fazendeiros façam "bobagem" ao reagir às ocupações.
- São 13 anos de Abril Vermelho e 25 anos de MST. É tempo suficiente para criminalizar esse movimento, que já atingiu a maioridade faz tempo - criticou a senadora.
O movimentou também ocupou três escritórios regionais do Incra em São Paulo, no Paraná e em Mato Grosso. Enquanto o MST fazia as invasões, o líder do movimento, João Pedro Stédile, participava de audiência na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, onde criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e disse que a eleição de José Serra (PSDB) à Presidência "seria o pior dos mundos para o MST":
- É claro que nós percebemos que a candidatura Serra seria a retomada do neoliberalismo no Brasil, a retomada das privatizações, a retomada do que foi o governo Fernando Henrique. Então, um governo Serra, para nós, seria o pior dos mundos. Acredito que em nossas bases ninguém vai votar no Serra - disse, com a ressalva de que, até o momento, os sem-terra não discutiram em quem votar.
Convidado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a fazer um balanço sobre sua gestão na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes criticou o Abril Vermelho. Gilmar disse que o direito à propriedade deve ser respeitado:
- Protestar sim, direito de manifestação sim, direito de reunião sim, mas sem violência. Os direitos fundamentais todos, inclusive o de propriedade, devem ser respeitados.
A direção do MST vai concentrar as ações do Abril Vermelho no próximo sábado, para lembrar o aniversário do massacre de Eldorado dos Carajás. Será realizado o que o MST chama de dia nacional de lutas pela reforma agrária. Em resposta à senadora, o MST afirmou que as propostas da CNA "pretendem mais uma vez criminalizar as lutas sociais e impedir o avanço da reforma agrária".
"A senadora não apresenta nenhuma proposta para resolver os problemas das quatro milhões de famílias pobres do campo e das 90 mil acampadas em todo o país. No entanto, suas medidas buscam proteger da lei agrária cerca de 15 mil fazendeiros", afirma nota do MST.
Contra as ocupações, a CNA fará campanha na TV e designará advogados para auxiliar fazendeiros. Segundo Kátia, o pedido ao ministro é o primeiro passo da campanha "Vamos Tirar o Brasil do Vermelho - Invasão é Crime". O próximo passo será a coleta de um milhão de assinaturas contra as invasões.
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