DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Displicência teria ocorrido por causa da pressa em assinar "pacotes de papéis" sobre a inscrição da chapa na Justiça Eleitoral
João Domingos / Brasília
De acordo com informações do PT e da assessoria da candidata Dilma Rousseff, tanto ela quanto o presidente do partido e coordenador de sua campanha, José Eduardo Dutra, assinaram a versão radical de programa de governo entregue ao TSE na segunda-feira sem ler nem sequer uma linha do que estava escrito. Na versão da campanha, a displicência teria ocorrido por causa da pressa da candidata em assinar "pacotes de papéis" sobre a inscrição da chapa na Justiça Eleitoral antes de embarcar para São Paulo.
Na correria, em vez de fazer cópia do esboço do programa de governo ? mostrada ao Estado, no domingo ?, a equipe de Dilma entregou a ela e a Dutra a resolução sobre as diretrizes do 4.º Congresso do PT, realizado em fevereiro. A resolução continha teses radicais, entre elas uma que abria brecha para a interpretação de uma suposta defesa da legalização do aborto, e outra já superada ? a que propõe a criação de um vale-cultura aprovado pela Câmara e pelo Senado e dependente apenas de ajustes de texto para virar lei.
Dilma e Dutra rubricaram todas as 19 páginas do programa radical. As propostas incluíam ideias como o controle social da mídia, a taxação de grandes fortunas e a revogação do dispositivo que torna áreas invadidas indisponíveis para a reforma agrária.
"Sabotagem". Dentro da campanha da petista chegou a haver a desconfiança de que algum petista ligado às alas radicais poderia ter sabotado as cópias e trocado a do esboço do programa -que ainda receberá emendas do PMDB e dos demais oito partidos aliados - pela das resoluções do 4.º Congresso.
Essa possibilidade, no entanto, foi descartada porque na coordenação, em Brasília, não há nenhum integrante dos radicais. Toda a direção de campanha é composta pelas alas mais moderadas.
Como depois de assinar a papelada, Dilma viajou para São Paulo e José Eduardo Dutra teve uma crise hipertensiva ? o que o levou a ficar internado no Hospital do Coração até ontem pela manhã ?, a coordenação da campanha só percebeu a troca quando passou a receber ligações de jornalistas que indagavam sobre o sentido daquelas propostas tão radicais.
"Falha nossa". Quem descobriu foi o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR). "Por volta de 15h30 recebi uma ligação que indagava sobre algo que eu não sabia responder. Fui à página do TSE verificar o que estava ocorrendo e percebi a troca dos programas. Foi uma terrível falha nossa, que certamente vai nos dar dor de cabeça por uns dias, talvez semanas."
Vargas ligou para o coordenador jurídico da campanha, deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP), que orientou o advogado Sidney Sá das Neves a substituir os documentos no TSE. Como Dilma não estava mais em Brasília e Dutra se encontrava hospitalizado, eles não puderam rubricar a segunda versão do programa de governo.
O documento foi assinado e rubricado pelos advogados Sidney e Mariana Azevedo Reis de Toledo. "Eles são procuradores do PT e podem assinar pelo partido", afirmou Cardozo, que viajara com Dilma para São Paulo e ontem estava em Porto Alegre.
Mesmo tendo rubricado a documentação radical, Dilma quase teve um ataque ao saber o que estava acontecendo. De acordo com informação de petistas, enfurecida, a candidata chegou a afirmar que alguém do partido deveria estar sabotando a campanha, visto que o documento com as propostas polêmicas apresentado ao TSE era exclusivo do PT.
Displicência teria ocorrido por causa da pressa em assinar "pacotes de papéis" sobre a inscrição da chapa na Justiça Eleitoral
João Domingos / Brasília
De acordo com informações do PT e da assessoria da candidata Dilma Rousseff, tanto ela quanto o presidente do partido e coordenador de sua campanha, José Eduardo Dutra, assinaram a versão radical de programa de governo entregue ao TSE na segunda-feira sem ler nem sequer uma linha do que estava escrito. Na versão da campanha, a displicência teria ocorrido por causa da pressa da candidata em assinar "pacotes de papéis" sobre a inscrição da chapa na Justiça Eleitoral antes de embarcar para São Paulo.
Na correria, em vez de fazer cópia do esboço do programa de governo ? mostrada ao Estado, no domingo ?, a equipe de Dilma entregou a ela e a Dutra a resolução sobre as diretrizes do 4.º Congresso do PT, realizado em fevereiro. A resolução continha teses radicais, entre elas uma que abria brecha para a interpretação de uma suposta defesa da legalização do aborto, e outra já superada ? a que propõe a criação de um vale-cultura aprovado pela Câmara e pelo Senado e dependente apenas de ajustes de texto para virar lei.
Dilma e Dutra rubricaram todas as 19 páginas do programa radical. As propostas incluíam ideias como o controle social da mídia, a taxação de grandes fortunas e a revogação do dispositivo que torna áreas invadidas indisponíveis para a reforma agrária.
"Sabotagem". Dentro da campanha da petista chegou a haver a desconfiança de que algum petista ligado às alas radicais poderia ter sabotado as cópias e trocado a do esboço do programa -que ainda receberá emendas do PMDB e dos demais oito partidos aliados - pela das resoluções do 4.º Congresso.
Essa possibilidade, no entanto, foi descartada porque na coordenação, em Brasília, não há nenhum integrante dos radicais. Toda a direção de campanha é composta pelas alas mais moderadas.
Como depois de assinar a papelada, Dilma viajou para São Paulo e José Eduardo Dutra teve uma crise hipertensiva ? o que o levou a ficar internado no Hospital do Coração até ontem pela manhã ?, a coordenação da campanha só percebeu a troca quando passou a receber ligações de jornalistas que indagavam sobre o sentido daquelas propostas tão radicais.
"Falha nossa". Quem descobriu foi o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR). "Por volta de 15h30 recebi uma ligação que indagava sobre algo que eu não sabia responder. Fui à página do TSE verificar o que estava ocorrendo e percebi a troca dos programas. Foi uma terrível falha nossa, que certamente vai nos dar dor de cabeça por uns dias, talvez semanas."
Vargas ligou para o coordenador jurídico da campanha, deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP), que orientou o advogado Sidney Sá das Neves a substituir os documentos no TSE. Como Dilma não estava mais em Brasília e Dutra se encontrava hospitalizado, eles não puderam rubricar a segunda versão do programa de governo.
O documento foi assinado e rubricado pelos advogados Sidney e Mariana Azevedo Reis de Toledo. "Eles são procuradores do PT e podem assinar pelo partido", afirmou Cardozo, que viajara com Dilma para São Paulo e ontem estava em Porto Alegre.
Mesmo tendo rubricado a documentação radical, Dilma quase teve um ataque ao saber o que estava acontecendo. De acordo com informação de petistas, enfurecida, a candidata chegou a afirmar que alguém do partido deveria estar sabotando a campanha, visto que o documento com as propostas polêmicas apresentado ao TSE era exclusivo do PT.
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