DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Marcelo de Moraes
Antes mesmo de tomar posse, a presidente eleita, Dilma Rousseff, já precisou ser socorrida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conter a primeira crise de relacionamento com sua futura base de sustentação dentro do Congresso.
No momento em que o PMDB apresentou suas armas costumeiras para pressionar o novo governo a ceder mais cargos, foi Lula quem saiu a campo para desmontar o ataque, que já contava com a adesão de PTB, PR e PP.
Acostumado com as pressões sofridas durante os oito anos de sua passagem pela Presidência, Lula precisou de menos de 24 horas para operar nos bastidores e implodir a cobrança por espaços dentro do governo.
O problema é que o movimento de Lula aponta para a possibilidade de ele vir a atuar como sombra da futura presidente.
Não é surpresa para ninguém que os partidos aliados iriam usar todos os expedientes possíveis para tentar arrancar o maior número de cargos do governo.
A novidade é a pouca mobilidade demonstrada por Dilma nessa situação. Se Lula precisou sair em seu socorro numa crise que poderia ser resolvida com a simples ameaça de corte de cargos, nada impede que se imagine a presença do ex-presidente em outras questões importantes.
Isso pode significar que num momento, por exemplo, de dificuldade econômica será o ex-presidente quem apontará o rumo a seguir. Ou que indicará prioridades para determinadas políticas públicas. Em suma, um ex-presidente com assento cativo no Palácio do Planalto.
Não foi à toa que poucas horas depois de ter jogado suas cartas para conter o apetite dos partidos da base, Lula tenha dado declarações públicas afirmando que não iria fazer qualquer indicação para o novo ministério ou para outros cargos.
A declaração só faz sentido porque Lula sabe que poucos acreditam na sua veracidade. Sua movimentação na crise aberta pelo PMDB foi tão forte que ele precisa repetir o máximo de vezes possível que não terá participação na montagem do novo governo para ver se a versão funciona.
Para espantar a impressão de que Lula terá mais participação no seu governo do que deveria, Dilma tem agora um caminho claro a seguir. Precisa assumir claramente as articulações de seu governo. Terá de acostumar seus aliados com a ideia de que as decisões são tomadas por ela. Sob pena de permitir que o poder que lhe foi entregue nas urnas escorregue de suas mãos.
Marcelo de Moraes
Antes mesmo de tomar posse, a presidente eleita, Dilma Rousseff, já precisou ser socorrida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conter a primeira crise de relacionamento com sua futura base de sustentação dentro do Congresso.
No momento em que o PMDB apresentou suas armas costumeiras para pressionar o novo governo a ceder mais cargos, foi Lula quem saiu a campo para desmontar o ataque, que já contava com a adesão de PTB, PR e PP.
Acostumado com as pressões sofridas durante os oito anos de sua passagem pela Presidência, Lula precisou de menos de 24 horas para operar nos bastidores e implodir a cobrança por espaços dentro do governo.
O problema é que o movimento de Lula aponta para a possibilidade de ele vir a atuar como sombra da futura presidente.
Não é surpresa para ninguém que os partidos aliados iriam usar todos os expedientes possíveis para tentar arrancar o maior número de cargos do governo.
A novidade é a pouca mobilidade demonstrada por Dilma nessa situação. Se Lula precisou sair em seu socorro numa crise que poderia ser resolvida com a simples ameaça de corte de cargos, nada impede que se imagine a presença do ex-presidente em outras questões importantes.
Isso pode significar que num momento, por exemplo, de dificuldade econômica será o ex-presidente quem apontará o rumo a seguir. Ou que indicará prioridades para determinadas políticas públicas. Em suma, um ex-presidente com assento cativo no Palácio do Planalto.
Não foi à toa que poucas horas depois de ter jogado suas cartas para conter o apetite dos partidos da base, Lula tenha dado declarações públicas afirmando que não iria fazer qualquer indicação para o novo ministério ou para outros cargos.
A declaração só faz sentido porque Lula sabe que poucos acreditam na sua veracidade. Sua movimentação na crise aberta pelo PMDB foi tão forte que ele precisa repetir o máximo de vezes possível que não terá participação na montagem do novo governo para ver se a versão funciona.
Para espantar a impressão de que Lula terá mais participação no seu governo do que deveria, Dilma tem agora um caminho claro a seguir. Precisa assumir claramente as articulações de seu governo. Terá de acostumar seus aliados com a ideia de que as decisões são tomadas por ela. Sob pena de permitir que o poder que lhe foi entregue nas urnas escorregue de suas mãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário