DEU EM O GLOBO
Com um orçamento de R$ 77,3 bilhões para este ano, o Ministério da Saúde é o principal campo de batalha onde petistas e peemedebistas travam uma guerra por cargos e espaço que ameaça estilhaçar a já delicada relação entre os dois maiores partidos da base do governo Dilma Rousseff. A disposição do PT de assumir o controle da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), antigo feudo do PMDB, já causou uma áspera discussão entre o líder peemedebista na Câmara, Henrique Alves, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Caso a troca ocorra, Dilma poderá ter sérios problemas no Congresso em situações extremas, como a do mensalão, ameaçou Alves. O PMDB também não se conforma com a perda para os petistas da Secretaria de Atenção à Saúde, com orçamento de R$ 47 bilhões.
PMDB de olho em R$ 77,3 bi
Valor é o total do orçamento da Saúde; partido teme perder o segundo escalão da pasta
Maria Lima e Gerson Camarotti
Oprincipal motivo da disputa política travada entre PT e PMDB por cargos do governo Dilma Rousseff é o cobiçado segundo escalão do Ministério da Saúde, pasta com o maior orçamento livre do governo - R$77,3 bilhões em 2011 -, e que tem também um dos maiores desafios, atender a população dependente do Sistema Único de Saúde (SUS). A disputa vem azedando a já delicada relação dos dois maiores partidos da base do governo Dilma Rousseff. Depois de perder a pasta para o ministro Alexandre Padilha, do PT, o estopim da mais recente crise com o PMDB é a substituição na presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Outros cargos do Ministério da Saúde também estão em disputa pelos dois partidos.
Alvo de incontáveis escândalos de corrupção, a Funasa sempre foi feudo do PMDB, e o atual presidente Faustino Lins é indicação do líder do partido na Câmara, Henrique Alves (RN), mas o PT de Minas Gerais indicou para seu lugar o empreiteiro Gilson de Carvalho Queiroz Filho, presidente do CREA/MG.
Os peemedebistas, que ainda tentam impedir essa nomeação, dizem que a indicação de Gilson corre riscos, pois sua empreiteira já fez obras para a Funasa, e é alvo de uma tomada de contas especial no Tribunal de Contas da União (TCU). Se não conseguirem manter Faustino Lins no cargo, tem outras três indicações para a Fundação: Marcos Monfarreg, coordenador da Funasa no Rio; Flávio Gomes, diretor-executivo da Funasa, e Rui Gomide, técnico do órgão em Goiás.
PT de Minas cobiça cargos no governo
O PT de Minas está fazendo movimentos agressivos na composição do segundo escalão, para compensar a perda de cargos no primeiro escalão do governo Dilma. A troca na Funasa, ainda não efetivada, foi motivo de áspera discussão entre Henrique Alves e o ministro Alexandre Padilha. O líder do PMDB citou na ocasião dificuldades que Dilma teria sem um base confiável, em situações extremas como foi na época do mensalão.
Outra substituição que está deixando os peemedebistas em pé de guerra já aconteceu na cobiçada Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), responsável pelo orçamento de R$47 bilhões para convênios e repasses para estados e municípios. Padilha exonerou do cargo Alberto Beltrame, e colocou lá Helvécio Martins, ex-secretário de Saúde de Belo Horizonte, também por indicação do PT mineiro.
- Espero que não tirem o Faustino da Funasa. Não tem sentido o PT expulsar o PMDB da Saúde. Já tiraram o Beltrame, que é um grande técnico, da SAS. Agora querem tirar também o Faustino? O PMDB tinha duas indicações para a Embratur e para a Secretaria Executiva do Ministério do Turismo, mas aceitamos colocar lá dois quadros do PT - protestou o líder Henrique Eduardo Alves, referindo-se a nomeações para á área de Turismo, formalizadas ontem no Diário Oficial da União.
Outro peemedebista envolvido nas negociações, e que também está vendo seus indicados perderem espaço no Ministério de Dilma, afirma que o PMDB está sendo esquartejado pelo PT. Preferindo o anonimato, alegando que não quer atiçar ainda mais a crise, ele diz:
- O Lula respeitou o PMDB. A Dilma está fazendo o jogo do PT, mas é cristã nova, de que corrente ela é? Está outsider dentro do processo. Mas tudo está sendo feito com a aquiescência dela. Mandou parar as trocas de cargo depois do baita estrago já feito, agora não recupera mais o prejuízo.
Para esse peemedebista, o líder Henrique Alves foi até ingênuo, pois acreditou em acertos prévios com Lula e não foi adiante com a equipe da presidente Dilma:
- Hoje esses acertos não valem nada. O ministro Padilha é quadro do PT e também faz o jogo do partido.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que libera tudo que é produzido dentro e fora do Brasil na área de alimentação, remédios e cosméticos, é igualmente alvo de disputa. Hoje está nas mãos de Dirceu Raposo, indicação do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele tem mandato e não pode mais ser reconduzido, mas o PT quer botar lá outro petista, e briga com o ex-ministro Saraiva Felipe (PMDB/MG), que indicou para o cargo Agenor Álvares.
Na Secretaria de Inovação Tecnológica está hoje um indicado do ex-ministro José Gomes Temporão (PMDB-RJ), José Reinaldo, mas o ministro Padilha já escolheu para o cargo o companheiro Odorico Monteiro, do PT do Ceará.
Há atrito ainda para a substituição de Gerson Pereira na Secretaria de Vigilância Sanitária pelo petista Jarbas Barbosa, que foi secretário de Atenção à Saúde na gestão José Serra no Ministério da Saúde. Estava na Organização Mundial da Saúde (OMS) e está voltando ao Brasil para dirigir a secretaria.
Além desses cargos, tem a cobiçada Fiocruz, cujo orçamento cresceu 1.400% na gestão Temporão - este ano chega a R$2,3 bilhões - e está tendo unidades implantadas em todo país, de Rondônia ao Ceará. É feudo da intelectualidade médica do Rio da qual faz parte o Temporão. O atual presidente é Paulo Gadelha, mas Padilha vai indicar o substituto.
Com um orçamento de R$ 77,3 bilhões para este ano, o Ministério da Saúde é o principal campo de batalha onde petistas e peemedebistas travam uma guerra por cargos e espaço que ameaça estilhaçar a já delicada relação entre os dois maiores partidos da base do governo Dilma Rousseff. A disposição do PT de assumir o controle da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), antigo feudo do PMDB, já causou uma áspera discussão entre o líder peemedebista na Câmara, Henrique Alves, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Caso a troca ocorra, Dilma poderá ter sérios problemas no Congresso em situações extremas, como a do mensalão, ameaçou Alves. O PMDB também não se conforma com a perda para os petistas da Secretaria de Atenção à Saúde, com orçamento de R$ 47 bilhões.
PMDB de olho em R$ 77,3 bi
Valor é o total do orçamento da Saúde; partido teme perder o segundo escalão da pasta
Maria Lima e Gerson Camarotti
Oprincipal motivo da disputa política travada entre PT e PMDB por cargos do governo Dilma Rousseff é o cobiçado segundo escalão do Ministério da Saúde, pasta com o maior orçamento livre do governo - R$77,3 bilhões em 2011 -, e que tem também um dos maiores desafios, atender a população dependente do Sistema Único de Saúde (SUS). A disputa vem azedando a já delicada relação dos dois maiores partidos da base do governo Dilma Rousseff. Depois de perder a pasta para o ministro Alexandre Padilha, do PT, o estopim da mais recente crise com o PMDB é a substituição na presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Outros cargos do Ministério da Saúde também estão em disputa pelos dois partidos.
Alvo de incontáveis escândalos de corrupção, a Funasa sempre foi feudo do PMDB, e o atual presidente Faustino Lins é indicação do líder do partido na Câmara, Henrique Alves (RN), mas o PT de Minas Gerais indicou para seu lugar o empreiteiro Gilson de Carvalho Queiroz Filho, presidente do CREA/MG.
Os peemedebistas, que ainda tentam impedir essa nomeação, dizem que a indicação de Gilson corre riscos, pois sua empreiteira já fez obras para a Funasa, e é alvo de uma tomada de contas especial no Tribunal de Contas da União (TCU). Se não conseguirem manter Faustino Lins no cargo, tem outras três indicações para a Fundação: Marcos Monfarreg, coordenador da Funasa no Rio; Flávio Gomes, diretor-executivo da Funasa, e Rui Gomide, técnico do órgão em Goiás.
PT de Minas cobiça cargos no governo
O PT de Minas está fazendo movimentos agressivos na composição do segundo escalão, para compensar a perda de cargos no primeiro escalão do governo Dilma. A troca na Funasa, ainda não efetivada, foi motivo de áspera discussão entre Henrique Alves e o ministro Alexandre Padilha. O líder do PMDB citou na ocasião dificuldades que Dilma teria sem um base confiável, em situações extremas como foi na época do mensalão.
Outra substituição que está deixando os peemedebistas em pé de guerra já aconteceu na cobiçada Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), responsável pelo orçamento de R$47 bilhões para convênios e repasses para estados e municípios. Padilha exonerou do cargo Alberto Beltrame, e colocou lá Helvécio Martins, ex-secretário de Saúde de Belo Horizonte, também por indicação do PT mineiro.
- Espero que não tirem o Faustino da Funasa. Não tem sentido o PT expulsar o PMDB da Saúde. Já tiraram o Beltrame, que é um grande técnico, da SAS. Agora querem tirar também o Faustino? O PMDB tinha duas indicações para a Embratur e para a Secretaria Executiva do Ministério do Turismo, mas aceitamos colocar lá dois quadros do PT - protestou o líder Henrique Eduardo Alves, referindo-se a nomeações para á área de Turismo, formalizadas ontem no Diário Oficial da União.
Outro peemedebista envolvido nas negociações, e que também está vendo seus indicados perderem espaço no Ministério de Dilma, afirma que o PMDB está sendo esquartejado pelo PT. Preferindo o anonimato, alegando que não quer atiçar ainda mais a crise, ele diz:
- O Lula respeitou o PMDB. A Dilma está fazendo o jogo do PT, mas é cristã nova, de que corrente ela é? Está outsider dentro do processo. Mas tudo está sendo feito com a aquiescência dela. Mandou parar as trocas de cargo depois do baita estrago já feito, agora não recupera mais o prejuízo.
Para esse peemedebista, o líder Henrique Alves foi até ingênuo, pois acreditou em acertos prévios com Lula e não foi adiante com a equipe da presidente Dilma:
- Hoje esses acertos não valem nada. O ministro Padilha é quadro do PT e também faz o jogo do partido.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que libera tudo que é produzido dentro e fora do Brasil na área de alimentação, remédios e cosméticos, é igualmente alvo de disputa. Hoje está nas mãos de Dirceu Raposo, indicação do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele tem mandato e não pode mais ser reconduzido, mas o PT quer botar lá outro petista, e briga com o ex-ministro Saraiva Felipe (PMDB/MG), que indicou para o cargo Agenor Álvares.
Na Secretaria de Inovação Tecnológica está hoje um indicado do ex-ministro José Gomes Temporão (PMDB-RJ), José Reinaldo, mas o ministro Padilha já escolheu para o cargo o companheiro Odorico Monteiro, do PT do Ceará.
Há atrito ainda para a substituição de Gerson Pereira na Secretaria de Vigilância Sanitária pelo petista Jarbas Barbosa, que foi secretário de Atenção à Saúde na gestão José Serra no Ministério da Saúde. Estava na Organização Mundial da Saúde (OMS) e está voltando ao Brasil para dirigir a secretaria.
Além desses cargos, tem a cobiçada Fiocruz, cujo orçamento cresceu 1.400% na gestão Temporão - este ano chega a R$2,3 bilhões - e está tendo unidades implantadas em todo país, de Rondônia ao Ceará. É feudo da intelectualidade médica do Rio da qual faz parte o Temporão. O atual presidente é Paulo Gadelha, mas Padilha vai indicar o substituto.
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