Alô pra galera
Ao contrário do que imaginavam os organizadores dos protestos na Cinelândia, a visita de Barack Obama hoje ao Rio de Janeiro deve bombar e provocar grande mobilização popular. Máscaras do presidente norte-americano e lenços com a bandeira dos Estados Unidos praticamente esgotaram no velho Saara, o bairro do comércio popular onde árabes e judeus convivem numa boa. Foram arrematados pelos camelôs, que sabem das coisas.
Essa avaliação é do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do prefeito carioca, Eduardo Paes, anfitriões de Obama, ambos do PMDB. O estafe do presidente norte-americano é que desistiu do ato público na Cinelândia antes mesmos dos gritos dos manifestantes, e optou por um discurso com pompa e circunstância dentro do Theatro Municipal. Temiam é a repercussão negativa de um incidente com manifestantes perante aos eleitores norte-americanos.
Segundo Cabral, a visita já enche de orgulho os cariocas. E o discurso no Theatro Municipal pode sair melhor que o soneto: de todos os lugares chegam informações de que a afluência à Cinelândia será muito grande, mesmo que para ver Obama falar num telão. Não será surpresa, porém, se ele aparecer na sacada principal do teatro para dar um alô pra galera.
Para o mundo// O discurso de Obama no Theatro Municipal será precedido de duas breves intervenções, uma do prefeito Eduardo Paes e outra do governador Sérgio Cabral. A expectativa é de que sirva para reposicionar a relação dos Estados Unidos com os países emergentes.
Outro lado
O governador Sérgio Cabral (foto) está rindo à toa com a visita de Obama à Cidade de Deus, ocupada por uma das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Por causa do filme do mesmo nome do bairro, de Fernando Meirelles, protagonizado pelo ator Leandro Firmino no papel de Zé Pequeno, a localidade virou o retrato da violência no Rio de Janeiro mundo afora.
Quem foi
Dificilmente os militantes do PSTU acusados de terem lançado os coquetéis molotov no consulado norte-americano na quinta-feira serão liberados neste fim de semana. São acusados de agressão e provocação de incêncio, mas o líder do partido no Rio, Ciro Garcia, afirma que não foram os seus militantes os autores da provocação. “Quem fez isso está rindo da gente.” Uma idosa presa foi liberada, mas duas jovens estão no Presídio de Água Branca e 10 rapazes em Bangu 8.
Prestígio
O velho sorriso de aeromoça voltou a ser exibido pelo ex-presidentre Fernando Henrique Cardoso, que ocupou a cadeira destinada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na mesa do almoço do Itamaraty ao lado da presidente Dilma Rousseff e do presidente Barack Obama. Grande ausente dos eventos de ontem, Lula foi indelicado duas vezes: uma ao esnobar o convite da Presidência para o encontro com o líder americano, outra ao justificar a ausência com o argumento de que não pretendia ofuscar a presidente Dilma. Macaco velho em matéria de diplomacia, Fernando Henrique fez a festa e não poupou elogios a Dilma. No novo governo, está sendo tratado com a deferência que um ex-presidente da República merece.
Sem saída
A preferência do governador Sérgio Cabral era pela visita de Obama ao Morro Chapéu Mangueira, onde foi gravado o filme Orfeu negro — baseado na peça teatral Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes —, assistido pela mãe do presidente norte-americano. Esse episódio é relatado em duas páginas da biografia oficial do presidente norte-americano. Mas a segurança não deixou.
Deslumbramento
Foi o próprio Obama que decidiu incluir o Corcovado no roteiro da visita, sabedor da vista magnífica que a cidade oferece daquele ponto estratégico, a 710m de altitude.
Vão cantar
Está praticamente certo que o cantor Seu Jorge e o grupo AfroReggae vão se apresentar no Theatro Municipal, num show que servirá para esquentar o ambiente antes de Obama falar para 2.500 convidados.
Refresco/ Os convidados de Obama terão que chegar ao Theatro Municipal às 11h30, mas Obama deve falar por volta das 15h. O desespero das autoridades cariocas era geral quando o discurso estava programado para a Cinelândia, onde ficariam ao sol, todos engravatados. Agora, já dá para esperar sentado e no ar-condicionado.
Cozinha/ Se a qualidade de nossa diplomacia for medida pela comida oferecida aos visitantes e pela educação dos agentes de segurança brasileiros, o Itamaraty não merece lugar no primeiro time. A comida estava péssima, segundo as autoridades brasileiras que participaram do almoço. Já a segurança institucional não respeitava nem o pessoal do cerimonial do Itamaraty.
Na pista/ Apesar do forte lobby, não houve acordo entre Obama e a presidente Dilma Rousseff para a compra dos caças americanos F-18 pela Força Aérea Brasileira (FAB). Durante a visita, brilharam os caças Rafale da França em ação na Líbia. O assunto, porém, continua na geladeira.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
Nenhum comentário:
Postar um comentário