Quando surgiram as primeiras acusações contra Wagner Rossi, o governo afirmou que não eram graves.
Quando surgiram acusações que eram graves, o governo afirmou que não havia provas.
E quando surgem acusações que o próprio Ministro confirma, o governo insinua que só demitira Rossi em caso de batom na cueca.
Se aparecer o batom na cueca, o governo dirá que é mancha de ketchup.
As últimas acusações publicadas pelo Correio Brasiliense não se referem apenas a viagens num avião de uma empresa que vende vacinas para o Ministério.
Elas falam também num sócio da empresa que teria uma secretaria no Ministério.
O governo vai, de sobressalto em sobressalto, mantendo seu apoio a Rossi. As acusações contra ele são antigas. Lembro-me , na Câmara, de um deputado paulista que, volta e meia, subia à tribuna para desancar Rossi.
Seu nome é Fernando Chiarelli. Ficava muito emocionado e com isso passava a sensação de algo pessoal e localizado em Ribeirão Preto.
Rossi não era deputado naqueles anos, mas não me lembro de alguém discursando em sua defesa. Rossi é do PMDB, Chiarelli do PDT.
Jamais poderia prever que aquelas acusações de Chiarelli sobre o enriquecimento de Rossi pudessem ser revistas à luz de um problema nacional.
Rossi é uma cereja no bolo de casamento do PT e PMDB. Mas os noivos, com sua experiência, já devem ter percebido que ela pode ser devorada por uma CPI.
No mínimo, Rossi terá de voltar ao Congresso para se explicar. E dessa vez as explicações serão mais difíceis .
Se Rossi não cair dessa, é melhor marcar na agenda do Congresso “um dia da semana para ouvir o Rossi”.
Trabalho dobrado para ele: passará um dia se preparando para falar no Congresso e um dia respondendo às perguntas dos parlamentares.
Seu ministério trata da agricultura, um dos dínamos da economia brasileira, num mundo à beira de uma séria crise.
No Transportes, o recurso foi buscar o número 2 para assumir o ministério. Na Agircultura esse recurso não existe mais, pois o numero dois já saltou fora.
Bom motivo para buscar um grande nome do próprio setor e passar uma borracha no erro de ter escolhido Rossi.
Casamento complicado, esse.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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