Até pouco tempo, petistas gabavam-se de desfrutar de posição privilegiada para a eleição presidencial de 2014. Alegavam ter dois fortes candidatos: um, Dilma, está em campo; o outro, Lula, reserva de luxo para ser acionado na hipótese de sua sucessora chegar ao final do mandato contundida.
As últimas notícias político-policiais, contudo, indicam que o chamado "Plano B" petista corre o risco de se tornar inviável. Lula pode ser obrigado a desistir de entrar em campo diante da fase negativa.
Primeiro estourou o Rosegate, o indiciamento pela PF de Rosemary Noronha, ex-assessora de sua confiança e relação pessoal, suspeita de integrar esquema de venda de pareceres fraudulentos.
Depois, a revelação do depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público. Nele, o operador do mensalão diz ter pago gastos pessoais de Lula, que teria dado OK aos empréstimos ilegais que abasteceram o caixa dois do PT e de aliados.
Até agora, Lula está acuado e na defensiva como há muito não se via. Sobre o Rosegate, ficou recluso e não deu explicação pública. Sobre Marcos Valério, limitou-se a classificar suas declarações de mentirosas.
Por justiça, é bom destacar que o operador do mensalão tem baixa credibilidade. Abriu a boca só agora, depois de condenado a mais de 40 anos de prisão. O que não significa que os fatos levantados por ele não devam ser investigados.
Se forem, e se mostrarem verídicos mesmo que em parte, o "Plano B" faz água e o PT terá de torcer para que Dilma chegue em 2014 forte na economia. Se for provado que tudo não passava de chantagem, Lula volta à condição de reserva de luxo.
Revelador é descobrir que petistas, no governo Dilma, já falam num "Plano C". Abrir mão da cabeça de chapa em 2018 em favor do líder do PSB, Eduardo Campos, tendo em troca seu apoio à reeleição de Dilma Rousseff. Nada mais sintomático da fragilidade atual de Lula.
Fonte: Folha de S. Paulo
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