Embora o PT teime em insistir que tudo que se fala contra ele é uma conspiração da “mídia conservadora” e “das elites” os fatos, as ocorrências e as denúncias também teimam em continuar em aparecer, dia sim dia não.
O que torna essa versão de complô persecutório inverossímil é que a origem das notícias invariavelmente são pessoas do seu círculo de influência e apoio direto ou de sua extensa base aliada, senão vejamos: o irmão do Prefeito no caso de Santo André; o líder de partido aliado, no caso do mensalão, a Secretária Executiva do gabinete da Presidência em São Paulo e mais um monte de indicados para cargos importantes na operação Porto Seguro; o chefe de segurança no caso dos “aloprados”. Isso sem falar dos casos hoje menos comentados, como o da Mansão do Lobby - o pivô foi um caseiro, do DNIT - as fontes foram funcionários e diretores do órgão; do programa Segundo Tempo no Ministério do Esporte - o denunciante era diretor de uma ONG beneficiada; das lanchas do Ministério da Pesca - o vendedor deu com a língua nos dentes; do trafico de influência na Casa Civil (e família) - a denúncia foi de um empresário não atendido; sem falar das consultorias dos ministros, da festa no motel do Turismo. Todas ocorrências envolvendo primeiro e segundo escalões.
Não consta que qualquer das denúncias tenham sido descobertas ou verbalizadas inicialmente pela oposição, pela imprensa ou por qualquer tipo de “forças ocultas”. Foram fruto de divergências dentro da própria base e/ou de investigações policiais. Por sinal a oposição tem sido caudatária das denúncias e na maioria das vezes pouco investiga por si própria. A imprensa a mesma coisa, vive de repercutir vazamentos da Polícia Federal e do Ministério Público, sem gastar muito suor para fazer jornalismo investigativo de qualidade.
Mesmo assim, não é correto afirmar que o ex-presidente ou a presidente tenham relação direta com esses fatos, embora tenham se desenvolvido no âmbito de seus governos. Não são situações confortáveis, porém não são comprovações de dolo ou culpa dos governantes máximos. Denotam com certeza falta de comando, descontrole e más escolhas, mas isso não configuram, por si só, crimes.
Agora surgem mais denúncias tendo como portador o publicitário Marcos Valério, criminoso condenado a mais de 40 anos de prisão, envolvendo diretamente o ex-presidente. Pelo que se lê nos jornais, diz o tal depoimento que reuniões foram feitas, recursos foram repassados, explicita valores, nomes e datas, relata também ameaças de morte e quem haveria ameaçado.
Não são denúncias quaisquer, são denúncias graves. Juridicamente antes de tudo há que se resguardar a presunção de inocência e o amplo direito de defesa e politicamente há que se conferir o benefício da dúvida ao ex-presidente, pois se trata uma personalidade importante da política nacional e internacional, que recebeu por duas vezes a honra de ser o primeiro mandatário da Nação.
Ontem em Paris ele afirmou peremptoriamente que não responde a mentiras. Por isso mesmo deveria ser ele próprio o primeiro a exigir a mais profunda investigação das denúncias, inclusive com a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, cobrando o depoimento público do acusador para que possa contestá-lo diretamente, através de seus aliados que têm ampla maioria nos parlamentos. Deveria também facilitar o acesso a todos os dados, informações, sigilos bancários e telefônicos necessários à investigação e recomendar a todos os citados que lhe sejam próximos e leais que façam o mesmo, especialmente Freud Godoy (e sua empresa) e Paulo Okamoto, secretário do Instituto Lula.
Afinal, mentira tem perna curta.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
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