Para superar resistências a petistas, presidente da sigla deu carta branca para que dirigentes façam oposição ao PT em 12 Estados
Bruno Boghossian e Isadora Peron
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, vai receber o aval dos 27 dirigentes regionais do partido para aderir formalmente à base aliada do governo Dilma Rousseff (PT) e apoiar a reeleição da petista em 2014. Para superar resistências aos petistas e assegurar a aprovação da aliança, Kassab deu carta branca para que os líderes da sigla façam oposição ao PT ou mantenham alianças com governadores do PSDB em 12 Estados.
Levantamento feito pelo Estado na última semana revela que não há restrições entre os presidentes estaduais do PSD ao plano de Kassab de integrar a base de Dilma - a exceção é o Rio, onde a sigla ainda realiza consultas, mas seu apoio é dado como certo.
Mesmo dirigentes que disputam espaço com o PT em seus Estados ou ocupam cargos em governos do PSDB relatam que concordam com a adesão.
É o caso de Minas Gerais, onde o PSD apoia o governo de Antonio Anastasia (PSDB); do Acre, onde a legenda é adversária do PT do governador Tião Viana; do Paraná, onde o partido deve apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB); e de Goiás, onde a sigla tem cargos no governo do tucano Marconi Perillo.
"Não teríamos nenhum constrangimento em apoiar o governo Dilma, mesmo integrando o governo do Estado", afirma Vilmar Rocha, presidente do PSD goiano e secretário da Casa Civil do governo Perillo. Em troca do apoio a Dilma, Kassab avisou aos políticos desses Estados que a sigla terá liberdade para trilhar caminhos opostos às pretensões do PT em seus Estados.
O PSD também deve se distanciar do PT no Acre, onde o grupo que fundou a sigla é adversário da família do governador petista Tião Viana. "Já temos votado praticamente tudo com a base do governo federal no Congresso, mas, no Acre, o PSD não tem condições de caminhar com o PT", resume o senador Sérgio Petecão, presidente do PSD no Estado.
No Paraná, os dirigentes do partido de Kassab afirmam que não têm "arroubos de entusiasmo" para apoiar o PT de Dilma, mas admitem que seguirão o plano do presidente nacional do PSD. Nas eleições paranaenses, no entanto, pretendem caminhar ao lado do governador Beto Richa (PSDB). "Nós temos uma ligação muito forte, até emocional, com o Beto. A ideia é tentar lançar candidato próprio em 2014, mas se não houver possibilidade, vão apoiar a reeleição de Richa", diz Alceni Guerra, vice-presidente do PSD-PR.
Além dos 12 Estados onde o PSD se comporta como adversário do PT, o partido se considera "neutro" em quatro locais e apoia os petistas nos outros 11 - entre os quais estão a Bahia do governador Jaques Wagner (PT), e o Rio Grande do Norte, onde o vice Robinson Faria (PSD) rompeu com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e se aproximou dos petistas.
A explicação para tantas alianças ambíguas é que a maior parte dos governadores apoiou a criação do PSD em seus Estados, com o objetivo de capturar para suas bases políticos descontentes com a oposição. Isso aconteceu tanto no caso do governador sergipano Marcelo Déda (PT) quanto no Pará de Simão Jatene (PSDB).
Uma das poucas exceções entre os governadores amigáveis foi Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo. Ele se opôs à fundação do novo partido como gesto de fidelidade ao aliado DEM, que perdeu parte de seus quadros para a sigla. Em 2014, a hipótese mais provável é que o PSD lance adversário à reeleição do governador ou apoie candidato do PT.
Agora, parte dos dirigentes defende que a sigla não aceite cargos na administração federal como contrapartida pela adesão à base de Dilma. Kassab pleiteava o Ministério das Cidades, mas passou a enxergar dificuldades na demanda. O foco do PSD agora está na pasta de Transportes e na Secretaria de Aviação Civil.
Outros diretórios pretendem apresentar uma lista de reivindicações. O Acre pedirá a nomeação de aliados do PSD para cargos da administração federal no Estado. O PSD de Rondônia quer pleitear mais verbas para o Estado e seus municípios.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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