A fusão do PPS com o PMN, a imprensa e o posicionamento político
Por: Assessoria da MD
Na última semana, alguns setores da imprensa analisaram a movimentação do PPS, que se fundiu com o PMN para a formação da Mobilização Democrática (MD), como um passo da legenda rumo à centro-direita.
Independentemente das diferentes interpretações e opiniões que todos têm direito de expressar, alguns textos publicados na mídia forçam a mão para apresentar o PPS como um partido aliado da direita e do DEM. Em respeito à história e precisão jornalística se fazem necessários alguns reparos. Na retrospectiva abaixo, mostramos aos leitores deste Portal que o PCB-PPS, desde 1922, nunca apoiou um candidato de direita ou de centro-direita nas eleições para a Presidência da República.
Eis os fatos históricos:
1- Eleições presidenciais de 1929
O então ilegal PCB lançou candidato pelo Partido Operário e Camponês o marmoreiro e vereador comunista Minervino de Oliveira.
2- Eleições presidenciais de 1945
O PCB lançou candidato próprio, o engenheiro Yedo Fiúza, um democrata de ideias progressistas.
3- Eleições presidenciais de 1950
O PCB não lançou candidato e pediu o voto em branco.
4- Eleições presidenciais de 1955
O PCB apoiou a candidatura de Juscelino Kubitschek, um liberal-democrata, numa coligação do PSD, de centro, e o antigo PTB, de centro-esquerda.
5- Eleições presidenciais de 1960
O PCB apoiou a candidatura do marechal Teixeira Lott, da aliança PSD-PTB, com apoio do PSB. Lott foi um liberal-democrata que atuou contra as tentativas de golpe da UDN, de centro-direita, e garantiu a posse de Juscelino Kubitschek em 1955.
6- A anticandidatura de 1974
O PCB participou da campanha presidencial de Ulysses Guimarães em 1974, pelo antigo MDB, de oposição à ditadura.
Ulysses Guimarães foi um democrata que liderou a oposição ao regime de 1964. Presidiu a Constituinte de 1986 a 1988, quando liderou um bloco de centro-esquerda que aprovou a mais democrática e mais socialmente avançada Constituição da história do Brasil.
Na eleição de 1974 e na de 1970, os grupos de extrema-esquerda pediram voto em branco, favorecendo a ditadura. Tais grupos participaram em 1980 da fundação do PT, que votou contra a Constituição de 1988.
O PCB nunca se infiltrou no MDB. O PCB foi uma das forças políticas fundantes do MDB em 1966.
7- Eleições presidenciais indiretas de 1984
Uma vez derrotada no Congresso a emenda constitucional que buscava restabelecer eleições diretas para presidente, o PCB participou da campanha de Tancredo Neves contra o candidato da ditadura, Paulo Maluf. O PT se absteve e expulsou os seus deputados que votaram para garantir a vitória de Tancredo sobre Maluf e encerrar 21 anos de regime.
8- Eleições presidenciais de 1989
O PCB lançou candidato próprio, o deputado Roberto Freire, que tivera atuação destacada na resistência democrática e na Constituinte, participando do bloco de centro-esquerda, ao lado de democratas e progressistas como Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso.
No segundo turno, o PCB apoiou Lula. O PT equivocadamente recusou o apoio do PMDB e de Ulysses Guimarães. Com uma plataforma eleitoral sectária e que não representava o consenso das forcas democráticas, o PT levou os progressistas à derrota ante o candidato da centro-direita, Fernando Collor de Melo.
Em 1992, o agora PPS atuou na campanha do impeachment de Collor. Participou do governo Itamar Franco, ao lado do PMDB, PSDB, PDT, PSB, entre outros. Itamar era aliado do PCB desde os tempos em que fora eleito senador pelo MDB, em 1974.
O PT negou-se a participar do governo Itamar Franco e expulsou a ex-prefeita de São Paulo, Luíza Erundina, que aceitara convite para chefiar o Ministério da Administração.
9- Eleições presidenciais de 1994
O PPS apoiou Lula. Com uma política de alianças estreita e um programa sectário, o candidato do PT foi derrotado já no primeiro turno.
10- Eleições presidenciais de 1998
Buscando romper a polarização entre PSDB e PT, empobrecedora do debate, o PPS lançou Ciro Gomes, que apresentou uma plataforma de centro-esquerda.
11- Eleições presidenciais de 2002
Com o mesmo objetivo de construir um novo bloco de centro-esquerda, o PPS voltou a apresentar Ciro Gomes como seu candidato, em coligação com o PTB e o PDT. No segundo turno, apoiou Lula.
Em dezembro de 2004, discordando da falta de diálogo entre as forças que compunham o governo, da ausência de propostas de reformas estruturantes, assim como da política econômica monetarista da dupla Antonio Palocci-Henrique Meirelles, o PPS, após lançar o documento Sem mudança não há esperança, deixa o governo e entrega todos os cargos federais que lhe haviam sido designados.
12- Eleições presidenciais de 2006
Com a instituição da verticalização, que obrigava os partidos a repetirem a mesma coligação nacional para os governos estaduais, de realidades distintas, o PPS decidiu não se coligar formalmente com nenhum candidato. Apoiou informalmente Geraldo Alckmin, do PSDB, um democrata centrista, aliado desde os tempos do MDB.
13- Eleições presidenciais de 2010
O PPS apoiou a candidatura de José Serra, do PSDB, antigo aliado desde o pré-64, quando foi eleito presidente da UNE, numa união entre o PCB e a AP, grupo de esquerda católica. Economista keneysiano e desenvolvimentista, Serra sempre defendeu posições da socialdemocracia, de centro-esquerda.
14- Eleições presidenciais de 2014
Diante das manobras casuísticas do governo petista para o próximo pleito e visando limitar os novos partidos, entre eles a Rede Sustentabilidade de Marina Silva, o PPS decidiu antecipar a fusão com o PMN, partido que integrou a coligação de Lula ainda no primeiro turno nas eleições presidenciais de 1994 e 2002. Surgiu assim, a Mobilização Democrática.
Para as próximas eleições, o agora MD debate as seguintes possibilidades:
A- Apoio a Eduardo Campos, do PSB, partido de centro-esquerda com o qual o PCB-PPS sempre dialogou desde os anos 1940.
B- candidatura própria;
C- apoio a Aécio Neves, do PSDB, que, como Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves, é um centrista aberto ao diálogo com as esquerdas em torno de um governo democrático e social-reformista;
D- apoio a José Serra, do PSDB, de centro-esquerda;
E- apoio a Marina Silva, da Rede Sustentabilidade. Ex-senadora do PT, antiga militante dos movimentos sociais e ambientalistas, de perfil de esquerda democrática;
O objetivo do MD é reunir a Esquerda Democrática em torno de um bloco de centro-esquerda com o objetivo de promover amplas e profundas reformas democratizantes do sistema politico, do Estado, da sociedade e da economia nacional, de modo a promover um desenvolvimento sustentável, que respeite o meio ambiente e promova políticas sociais para muito além do atual assistencialismo.
Quem cada vez mais se alia à centro-direita e à direita de José Sarney, Fernando Collor e Paulo Maluf é o PT, cujo líder máximo é aplaudido de pé no Fórum Mundial de Davos, reunião da nata dos financistas internacionais. O PT lidera o atual bloco de poder, incapaz de realizar as reformas necessárias ao Brasil.
Assessoria da Mobilização Democrática
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