As bombas nos EUA ainda não totalmente explicadas, a economia da Europa devagar, as ameaças da Coreia do Norte, as incertezas em relação ao Irã, as intempéries na Ásia e a fome na África.
Não bastasse, temos agora na América do Sul dois polos que se contrapõem ferrenhamente. De um lado, a Venezuela chavista está vazia de Chávez e entupida de problemas. De outro, o Paraguai volta aos poucos à Unasul e ao Mercosul com um presidente eleito, Horacio Cartes, podre de rico num país muito pobre, além de suspeito de con- trabando, lavagem de dinheiro e "otras cositas más".
Tempos difíceis virão. O Brasil precisa urgentemente recuperar a força e o equilíbrio da sua diplomacia, para exercer a liderança que lhe cabe naturalmente, como país maior, mais populoso, mais rico e de maior inserção internacional na região.
O primeiro passo é voltar à cabeceira da mesa, mas o principal é deixar a ideologia de lado e atuar com real diplomacia e mais pragmatismo. Os problemas internos dos outros são problemas internos dos outros.
Até aqui, o Brasil tratou de modos distintos as questões internas do Paraguai e da Venezuela. O ex-bispo Fernando Lugo foi deposto em tempo recorde, mas pelo Congresso e pela Justiça e com apoio da Igreja Católica e um certo conformismo da população. Apesar disso, o Brasil articulou a suspensão do Paraguai do Mercosul e da Unasul.
Já Maduro foi eleito por margem muito apertada de votos e num processo sob suspeição --tanto que há recontagem--, mas Dilma correu a reconhecer a vitória e cumprimentá-lo já no primeiro minuto. Dois pesos, duas medidas.
A demora de Dilma para telefonar ao paraguaio Cartes e a versão de que há pressões para que o Congresso do país aprove a Venezuela no Mercosul são maus prenúncios. Liderança é uma coisa, arrogância é outra bastante diferente.
Fonte: Folha de S. Paulo
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