PSDB e DEM querem ouvir ministros e presidente da Caixa
Maria Lima, Cristiane Jungblut
BRASÍLIA - Indignados com as versões desencontradas dadas por ministros e a direção da Caixa Econômica Federal sobre a confusão envolvendo o programa Bolsa Família, líderes da oposição prometeram ontem não dar trégua na cobrança de resultados da investigação feita pela Polícia Federal. Diante de evidências de que os tumultos podem ter sido provocados por mudanças no cronograma de pagamento dos benefícios, integrantes do PSDB e do DEM exigiram uma retratação do governo sobre as suspeitas lançadas sobre a oposição, protocolaram requerimentos convidando autoridades do governo a prestar esclarecimentos no Congresso e pediram à Procuradoria Geral da República apuração das responsabilidades cível, penal e administrativa dos responsáveis "por eventual prática de crimes de improbidade administrativa e falsidade ideológica".
- O governo vai ter que se retratar direito desta prática de sempre querer culpar as oposições de forma irresponsável - disse o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), referindo-se às suspeitas lançadas por petistas no início da semana passada, em especial a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), a primeira a acusar a oposição, e que depois voltou atrás.
- Agora o Hereda (Jorge, presidente da Caixa) pede desculpas. Não sei se será a última versão da Caixa. Houve uma calúnia da ministra Maria do Rosário, que se apressou a acusar a oposição. Será que vai pedir desculpas à oposição também? - acrescentou o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP). - Houve uma mentira flagrante na Caixa. Foram apanhados com o rabo de fora. Não vamos dar um minuto de trégua ao ministro José Eduardo Cardozo. Vamos cobrar que mostre o resultado da investigação, quem é a empresa de telemarketing que teria passado os comunicados, quem contratou e como obteve o cadastro dos 13 milhões de beneficiários do Bolsa Família.
Segundo os tucanos, ficou claro o uso político da confusão, mesmo se sabendo que a onda de saques pode ter sido gerada por erro ou mudança no cronograma de pagamentos da Caixa.
- A presidente Dilma disse que houve um ato criminoso e desumano. É preciso dizer agora quem cometeu esse crime - disse o tucano Alvaro Dias (PR).
O líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF), também criticou a atuação dos governistas no episódio:
- Se se comprovar que houve um erro da Caixa, eu diria que houve precipitação por parte dos membros do governo, que se apressaram em politizar a questão.
O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), continua defendendo a versão da direção da Caixa de que só entrou para garantir os pagamentos depois do estouro da procura nas agências:
- Se um foi lá sacar e conseguiu sacar dois meses de uma vez só, isso pode ter sido disseminado como um pagamento extra.
No fim do dia, a oposição não se deu por satisfeita com as explicações: além do convite a Hereda, o DEM pretende convocar também os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, para explicar a antecipação de pagamento do Bolsa Família.
Fonte: O Globo
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