Pressionada pela quebra da safra argentina e outros fatores, saca da farinha de trigo foi de R$ 80 para R$ 120 nos últimos 30 dias, segundo os panificadores
Preço do pão subirá até 15%
Valor do quilo deve passar ainda este mês de R$ 7 para R$ 7,70 a R$ 8,05. Disparada da tonelada do trigo explica reajuste
O consumidor nordestino vai se deparar com novos reajustes no carrinho de compras. Desta vez o vilão é o trigo. A disparada no valor da tonelada do grão vai puxar para cima o preço da farinha de trigo e inflar derivados como pão, massas e biscoitos. Em Pernambuco, o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria (Sindipão) estima um reajuste entre 10% e 15% no quilo do pãozinho francês ainda ao longo deste mês. Fabricantes de massas e biscoitos também se debruçam sobre as planilhas para calcular os índices de aumento.
"Nos últimos 30 dias, a saca da farinha de trigo saiu de R$ 80 para R$ 120. O setor não tem como manter essa pressão nos custos sem reajustar o preço do pão. E isso é urgente. Precisa ser feito de imediato, ainda este mês", adianta o presidente do Sindipão, José Cosme da Silva. O valor médio do quilo está em R$ 7 e poderá oscilar entre R$ 7,70 e R$ 8,05.
Fatores econômicos influenciaram no aumento do trigo ao longo da safra 2012/2013, com consequências mais severas para o Norte e Nordeste, em função da dependência do produto do Mercosul. A Argentina teve uma quebra de safra de 6 milhões de toneladas por conta de questões climáticas (inverno) e da desistência de alguns produtores de se manter na atividade por questões de viabilidade econômica. Em resumo, a safra argentina encolheu 38,7% sobre 2011/2012. A elevação do dólar (na casa de R$ 2,30) também contribuiu para o trigo chegar mais caro por aqui em reais. O valor da tonelada passou de R$ 494,16 para R$ 892,30.
O presidente da Associação dos Moinhos de Trigo do Norte e Nordeste, Roberto Schneider, explica que a safra não é suficiente para atender à demanda de 11 milhões de toneladas do País e que sempre houve uma dependência de importações, sobretudo no Nordeste. "Sem o grão da Argentina, precisamos importar de países como Estados Unidos e Canadá. Mas a dificuldade é que as importações de trigo de fora do Mercosul são taxadas pelo governo brasileiro em 10% para preservar a competitividade do mercado do Hemisfério Sul", explica
O crescimento da demanda também pressionou a atividade. Numa política de preservar seus estoques, a China começou a comprar trigo norte-americano. O país já adquiriu 8 milhões de toneladas e o volume pode chegar a 15 milhões. Isso significa 70% do saldo dos EUA.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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