Em discurso no aniversário do PT, Dilma critica pessimistas e fala em ‘cara de pau’
Antes, durante discurso, Rui Falcão dividiu adversários da presidente entre ‘novovelhismo‘, uma referência ao PSB, e ‘neopassadismo‘, em alusão ao PSDB
Gustavo Uribe
SÃO PAULO - Na festa de comemoração dos seus 34 anos, o PT elevou na noite desta segunda-feira o tom das críticas e fez o discurso mais duro até o momento contra o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, pré-candidato à sucessão presidencial. Os dirigentes da sigla reagiram com críticas indiretas aos recentes ataques feitos pelo socialista ao governo federal e atacaram, entre outras coisas, o discurso do “novo”, um dos principais motes da pré-campanha eleitoral do PSB.
Última a discursar no evento, que serviu também de ato de desagravo aos petistas condenados no mensalão, a presidente Dilma Rousseff fez críticas aos “pessimistas”, que, segundo ela, têm a “cara de pau” de dizer que o ciclo do PT se esgotou no governo federal. Na avaliação dela, esse discurso, “é mais que uma mentira”: “é uma agressão ao bom senso”.
- Eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou, que o nosso modelo se esgotou, que nós demos o que tínhamos de dar. Essas afirmações são feitas pelos mesmos que, antes da posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciaram uma debandada gigantesca de empresários que sairiam correndo do país – criticou.
A presidente também atacou as críticas feitas pela oposição ao governo federal em relação à condução da economia e tratou de ressaltar que a administração petista cumpre com o tripé macroeconômico – câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação -, uma das principais críticas feitas pelo PSB à administração da petista. Segundo ela, quem usa o pessimismo como estratégia política “não acredita no Brasil”.
- São os mesmos, esses pessimistas, que aproveitam alguns desequilíbrios de uma conjuntura internacional muito difícil para todos os países para dizer que o fim do mundo chegou. O fim do mundo chegou sim, mas chegou para eles e isso faz muito tempo – afirmou a presidente, segundo a qual possui “energia redobrada para fazer mais”.
Em resposta ao discurso de que é possível fazer mais, usado principalmente pelo presidente nacional do PSB, a petista ressaltou que um governo sério é “um começo” e afirmou que ninguém cobra mais e questiona mais o governo federal que ela mesma.
- Eu sei também que eles dizem que esse governo poderia ter feito mais. E eu digo, com realismo e humildade, que o programa realizado por um governo sério, um governo que quer o bem do povo, sempre é só um começo e sempre deixa claro que é preciso fazer mais – afirmou.
As críticas à oposição ao governo federal também foram feitas pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão. Em discurso, ele criticou o discurso do novo e fez ataques indiretos à gestão do PSB no governo de Pernambuco.
- O "algo novo” é, por acaso, o nepotismo? O "algo novo" é, por exemplo, passar a chamar de loteamento de cargos a experiência democrática do governo de coalizão que eles mesmo praticaram e praticam com afinco, desenvoltura e, eu diria, quase com despudor? - questionou.
Em discurso, o dirigente nacional da sigla dividiu os oponentes da petista entre "novovelhismo", uma referência ao PSB, e "neopassadismo", uma alusão ao PSDB. Segundo ele, ambos "são partes de um mesmo corpo", "parecem farinha do mesmo saco". Para o dirigente petista, o “neopassadismo” quer trazer "dinossauros" de volta, "que o povo tem enxotado pelo povo". Os “novovelhismos”, segundo ele, são "os falsos novos" e pensam que serão capazes "de fascinar os brasileiros".
- O neopassadismo e o novovelhismo só se diferenciam na exibição de seus personagens e na algazarra de suas minúsculas plateias, porque o conteúdo da sua fórmula e da suas formulações são idênticos - criticou.
Críticas ao STF
Segundo o líder petista, o partido não "nasceu para apanhar calado" e nem "para virar o saco de pancadas da nação". No discurso, o líder do PT faz ainda críticas ao ministros do Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, membros da Suprema Corte "prejulgam insultando", "suspeitam caluniando" e "agridem com gratuidade espantosa". Segundo ele, "uma corte não é um partido político".
- Se ela começa a se transformar nisso, pode vir, até mesmo, a instaurar um novo tipo de terrorismo de estado. O membro de uma corte não pode ter atitudes estremas, inconsequentes e exacerbadas, pois, por sua própria natureza, o Poder Judiciário deve ser o mais equilibrado e, muito especialmente, mais justo, como infelizmente não tem sido com nossos companheiros condenados no curso da Ação Penal 470 – criticou.
Durante o discurso do dirigente petista, um grupo de militantes do PT fixou uma faixa no palco que pedia a anulação da Ação Penal 470. Em punho em riste, gesto feito pelos petistas presos, os militantes puxaram um coro em apoio ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
- Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro – cantaram.
No evento, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi vaiado por movimentos sociais que exigem da prefeitura paulistana moradias populares.
Fonte: O Globo
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