Em ato dos 34 anos do partido, presidente defende sua gestão e, sem citar nomes, ataca adversários que apontam fim do ciclo petista
Ricardo Galhardo e Isadora Peron
SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff usou o evento de comemoração dos 34 anos do PT na noite desta segunda-feira, 10, em São Paulo, para defender o seu governo das críticas que tem recebido, especialmente na área econômica. Dilma chamou os seus críticos de "pessimistas" e "caras de pau" e disse que ninguém cobra mais resultados do seu governo do que ela mesma.
"Eles teimam, teimam mesmo, em não enxergar que estamos conseguindo construir esse novo Brasil, sem abdicar dos nossos compromissos com a solidez dos fundamentos macroeconômicos, com controle da inflação, equilíbrio das contas públicas, e fazendo a dívida líquida do setor público cair", afirmou a presidente.
Dilma chamou de "cara de pau" quem tem defendido que o ciclo do PT à frente do governo federal chegou ao fim. Na semana passada, o governador de Pernambuco e provável adversário dela na corrida presidencial em outubro, Eduardo Campos (PSB), afirmou que o "velho pacto político" colocado em prática pelo PT "mofou".
"Agora eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou, que o nosso governo se esgotou, que nós demos o que tínhamos o que dar", ironizou.
A presidente também chamou de "pessimistas" os que criticam os resultados da sua política econômica. "Esses pessimistas aproveitam alguns desequilíbrios típicos de uma conjuntura internacional muito difícil, que todos os países estão enfrentando, para dizer que o fim do mundo chegou. O fim do mundo chegou sim, mas chegou para eles, e isso faz muito tempo", afirmou.
Sem citar o julgamento do mensalão, Dilma homenageou a militância "solidária com todos aqueles que concorreram ou concorrem a cargos, mas solidária especialmente com companheiros que mais precisam dela, com companheiros nas situações mais difíceis".
Ao fim de seu discurso, a presidente falou dos planos para o futuro e de como os governos do PT criaram alicerces para o Brasil avançar. A fala da presidente tem a ver com o slogan criado pelo publicitário João Santana para o evento: "Sempre em frente, sempre à frente".
Novos termos. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, fez as críticas mais duras aos prováveis adversários da presidente na eleição deste ano. Sem citar nomes, Falcão criou dois termos para se referir a eles: "neopassadista" e o "novovelhista". Segundo pessoas próximas a Falcão, o discurso se refere ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a Eduardo Campos.
Em seu discurso, disse que os dois são "partes do mesmo corpo". "O neopassadismo e o novovelhismo parecem farinha do mesmo saco. Assemelham-se em quase tudo", afirmou o presidente do PT.
Em seu ataque mais pesado, sugeriu que os adversários de Dilma fecharam os olhos para as denúncias de corrupção no Metrô e na CPTM durante os governos tucanos em São Paulo e para o episódio da apreensão de cocaína no helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG). "O algo ‘novo’ é fechar os olhos, e, quem sabe até, esquecer-se de tapar o nariz, para carregamentos exóticos em helicópteros?", disse.
Mensalão. Seguindo a tônica do discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim de semana, Falcão criticou a atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal e disse que "a Corte não é um partido político, nem uma torcida organizada". Nesse momento, Falcão foi interrompido por militantes da corrente minoritária O Trabalho, que foram para a frente do palco com uma faixa pedindo a anulação do julgamento do mensalão.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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