'Agenda voltou a ser como no regime militar', disse ex-presidente
Silvia Amorim e Júnia Gama
SÃO PAULO e BRASÍLIA — Diante da crise aberta entre o Palácio do Planalto e o PMDB, principal aliado do governo petista e antigo aliado tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quarta-feira que o país vive um presidencialismo de cooptação. Em sua avaliação, a disputa na base governista é só uma briga por poder, que revela a “catástrofe” que se tornou o sistema político brasileiro.
— Essa crise que vemos agora não é porque (governo e PMDB) estejam discordando de uma agenda política. É porque estão tratando de ver qual pedaço de poder cada um vai ocupar. Nosso sistema político é uma catástrofe e, neste momento, é completamente disfuncional. Temos no Congresso mais de 20 partidos e, registrados, mais de 30, além de 39 ministérios. Não estamos vivendo mais o presidencialismo de coalizão, mas de cooptação. Coalizão é quando desiguais que estão de acordo quanto a um programa ou reforma se juntam. Nesse momento, o que temos é cooptação de partidos para manter o poder.
FH participou ontem um seminário para marcar os 20 anos do Plano Real, em São Paulo. Já em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, o ex-presidente comparou o momento atual do Congresso ao do regime militar.
— A agenda voltou a ser como no regime militar: projetos de impacto, feitos dentro do gabinete para surpreender a sociedade — disse, acrescentando que esse cenário não responde às demandas da sociedade que ficaram expostas pelas manifestações do ano passado.
FH também pregou uma convivência pacífica do PSDB com os demais candidatos de oposição a Dilma na próxima eleição:
— Não é momento para as oposições entrarem em choque.
Fonte: O Globo
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