- O Globo
As pesquisas eleitorais que estão sendo divulgadas recentemente refletem ambiente político bem diverso daquele com que se depararão os candidatos a partir de julho, quando os partidos já terão definido oficialmente seus escolhidos, e começarão os debates na televisão e a propaganda eleitoral, em agosto.
No momento, a pesquisa do Ibope mais recente registrou que nada menos que 56% dos entrevistados têm pouco ou nenhum interesse nas eleições de outubro. O fato de que 37% dos pesquisados optaram por “nulo ou em branco” ou “não sabe”, já devidamente registrado aqui, mostra que boa parte dos desinteressados escolheu a resposta mais condizente com seu estado de espírito no momento.
Não é provável que esse número se sustente nas eleições, embora possa ser maior do que o registrado em 2010 — de 8,6% no primeiro turno —, pelo aumento da frustração do eleitorado com a classe política. Da mesma maneira, os eleitores que estão deixando, com certa regularidade, de escolher o nome da presidente Dilma nas pesquisas dos últimos dias devem acabar optando por um dos nomes da oposição, caso o governo não consiga reverter a tendência de descrédito que no momento o atinge.
Os especialistas em pesquisas eleitorais dizem que o movimento mais habitual dos eleitores desiludidos é fazer uma parada nos indecisos (ou branco ou nulo) para depois escolher a melhor alternativa.
Tanto o candidato do PSB, Eduardo Campos, quanto o do PSDB, Aécio Neves, ainda têm espaço para serem conhecidos pelos eleitores, e para eles o programa eleitoral na televisão antes da campanha pode sera bala de prata. Não funcionou, aparentemente, para a dupla Eduardo Campos-Marina, que apareceu na televisão nos dias em que a pesquisa do Ibope foi realizada. Campos não saiu do lugar, e Marina ainda não demonstrou ser capaz de transferir seus votos, ou parte deles, para sua chapa. Já Aécio Neves teve seu programa de televisão transmitido depois do fechamento da pesquisa do Ibope, embora a reação a algumas inserções publicitárias possa ter sido captada. Continua com a esperança de que uma exposição maior lhe dará um reconhecimento do eleitorado que até agora se mostrou restrito.
Os candidatos do PSDB tinham neste momento, nas campanhas anteriores, índice maior do que os 15% que as pesquisas dão a Aécio Neves. Mas tanto José Serra quanto Geraldo Alckmin tinham a exposição que os governos de São Paulo e federal dão aos seus titulares, enquanto Aécio passou os últimos quatro anos como senador.
De positivo para ele há a constatação de que uma das teses mais caras a seu principal rival na oposição, o ex-governador Eduardo Campos, não está se revelando eficaz até o momento.
A terceira via, para acabar com a polarização entre PT e PSDB, não parece empolgar o eleitorado.
Um trabalho da equipe da PUC do Rio de Janeiro que o cientista político Romero Jacob coordena aponta que a terceira via não tem se mostrado viável, pois não se observa nada em comum, do ponto de vista eleitoral ou geográfico, entre os terceiros colocados nas eleições anteriores : Brizola (1989), Enéas (1994), Ciro (1998), Garotinho (2002), Heloísa Helena (2006) e Marina (2010).
Ele chama de “a maldição do terceiro colocado” o destino político desses candidatos que surgiram como opção alternativa aos líderes das corridas presidenciais e não deram certo em nível nacional.
A ex-senadora Marina Silva poderia ter quebrado essa “maldição” se tivesse conseguido registrar seu partido político, mas teve que adiar seu sonho para 2018 e embarcar no sonho de Eduardo Campos este ano.
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