Reeleição de Dilma Rousseff. Hegemonia no Congresso, para assegurar ao menos o controle da mesa da Câmara e papel de peso na montagem da do Senado, condicionante de suas decisões. E eleição de um petista para o governo do estado de São Paulo. Estes, os três maiores objetivos do lulopetismo nos pleitos de 2014. O primeiro e o terceiro assumidos explicitamente pelo ex-presidente Lula; o segundo buscado de modo agressivo pela direção do partido, com o respaldo dele como dividendo de bem sucedidas candidaturas majoritárias próprias e das alianças em vários estados, que esperava administrar.
O primeiro e mais importante – em si mesmo e para a viabilização dos demais, bem como para o projeto de Lula da volta em 2018, com ou sem a reeleição de Dilma – já teve sua taxa de risco bastante aumentada em face da progressiva afirmação do cenário de 2º turno na disputa presidencial. Cenário que reflete os elevados índices de rejeição e desaprovação da presidente/candidata e de seu governo. Num contexto de piora dos indicadores básicos da economia (recessão da indústria, estagnação da maioria das atividades produtivas, juros altos, persistência da pressão inflacionária, ceticismo e pé atrás dos investidores em geral, receio de desemprego, redução do consumo popular). A aposta de Dilma é que reverterá até o 2º turno esses índices com a ampla predominância que terá no horário eleitoral “gratuito” a ser iniciado no próximo dia 19.
Quanto à meta da hegemonia petista no Congresso – que articula os planos de Lula, de curto e longo prazos, à “vingança” político-institucional e pessoal dos mensaleiros condenados – seu encaminhamento está sendo atropelado por uma conjunção de fatores negativos. Tão ou mais significativa que a rejeição a Dilma é a que afeta o petismo no Centro-Sul do país e já também em capitais e cidades maiores das demais regiões, inclusive no Nordeste. Tal desgaste resulta da mistura de vários ingredientes: o mensalão (cujos efeitos, para grande parte da sociedade, sobretudo entre os jovens, cresceram sensivelmente com as cenas do julgamento pelo STF e das prisões dos líderes petistas, em 2013); a frequência de denúncias e escândalos de corrupção envolvendo quadros e dirigentes do partido; o precário desempenho de administradores vinculados à legenda no governo federal e em diversos estados (como o Rio Grande do Sul, a Bahia, a capital paulista); a proposta do controle social da mídia; as implicações políticas e eleitorais das resistências de partidos “aliados”, com destaque para o PMDB, ao papel exclusivista de atuação dos representantes do PT nas máquinas administrativas e de suas propostas para controle do Poder Legislativo. Estas resistências, reforçadas por aquele desgaste, explicam os mais de 40% de votos contrários ao apoio à reeleição de Dilma na convenção nacional do PMDB e as dissidências dos diretórios peemedebistas do Rio de Janeiro, da Bahia, do Piauí, do Espírito Santo, e de grande parcela deles no Ceará, em Minas Gerais, no Rio Grande do Norte e em outros estados, assim como as que predominaram, em favor de Eduardo Campos, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul. Em São Paulo os dois tipos de rejeição levam o candidato do PMDB a governador, Paulo Skaf, a proteger-se deles mantendo distanciamento em relação à campanha de Dilma e reiterando ataques ao PT.
Tudo isso – dos problemas econômicos e sociais aos desgastes do governo e do PT, passando pelas reações dos “aliados” ao hegemonismo deste – tem tido a consequência adicional de dificultar muito ou obstruir a terceira meta do lulopetismo, a conquista do governo estadual de São Paulo, considerada de alta prioridade por Lula. Enquanto Geraldo Alckmin mantém o índice de intenção de votos em torno de 50%, o candidato petista, Alexandre Padilha, oscila entre 4% e 5% nas últimas pesquisas e corre o risco de ser “cristianizado” em favor de Paulo Skaf (entre 15% e 11% nessas pesquisas para que Dilma Rousseff possa ter um palanque minimamente competitivo no maior colégio eleitoral do país. E precariedade semelhante de candidaturas majoritárias próprias do PT (fragilizando a meta de aumento das bancadas federais) ocorre em diversos estados em que elas foram lançadas. O que aponta para provável perda dos dois governos importantes ganhos em 2010 (do Rio Grande do Sul e da Bahia), para provável derrota em Minas Gerais e para eliminação no 1º turno do candidato petista no Estado do Rio.
Jarbas de Holanda é jornalista
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