• A cada dia, até sexta, será apresentado um capítulo nas redes sociais
Silvia Amorim e Maria Lima – O Globo
SÃO PAULO e UBERLÂNDIA (MG) - A seis dias da eleição, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, começou ontem à noite a apresentar seu programa de governo. A divulgação, porém, se dará aos poucos até sexta-feira, e só nas redes sociais. Ele defendeu a forma inusitada como sendo mais "democrática" do que entregar um documento impresso:
- Vamos fazer de uma forma diferente e inédita, para que não seja apenas um documento acadêmico que poucos manuseiam, e a população não tem ideia do que ali está sendo tratado. Essa é a forma mais democrática e honesta de se apresentar um programa dessa complexidade - disse Aécio, antes de participar de caminhada com o governador Geraldo Alckmin em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Debate com Arminio Fraga
O plano de governo está dividido em quatro eixos: sustentabilidade, estado eficiente, cidadania e desenvolvimento econômico. O primeiro seria apresentado ontem à noite no Facebook pelo coordenador da área na campanha, o ambientalista Fabio Feldmann. Amanhã, será a vez do ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia pôr em debate nas redes as propostas do segundo capítulo e, assim sucessivamente até sexta, quando haverá um bate-papo com o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, anunciado por Aécio como seu ministro da Fazenda.
- Não vou te dar um calhamaço, que nem você vai ler, nem ninguém que está aqui. Vou apresentar um programa para ser debatido. Essa é a forma mais democrática e honesta - disse Aécio.
O tucano vinha sendo cobrado diariamente pela imprensa pela ausência de um plano de governo. O anúncio ontem de que seria divulgado em pílulas surpreendeu até mesmo a aliados.
Para analistas, pouco efeito
Para cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO, a divulgação às vésperas da eleição interfere muito pouco na decisão de voto das pessoas.
- Traz muito pouco impacto. É mais uma prestação de contas formal - disse o professor de Ciência Política da Universidade de Campinas (Unicamp) Valeriano Costa.
- Plano na véspera, não creio que vá mudar nada o cenário eleitoral - avaliou o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Testa.
A demora na apresentação das propostas atende a uma estratégia política: evitar o que aconteceu com o programa da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, que teve que divulgar erratas e recuar em alguns pontos.
- A apresentação em cima da hora atende a uma estratégia: reduzir eventuais danos. É não dar munição aos adversários. Ele foi muito inteligente - disse Costa.
Testa discordou:
- Considero essa demora um erro estratégico. Ele deveria ter publicado o programa dele assim que Marina lançou o dela, para fazer o embate de ideias com mais propriedade. Não acho que o plano dele traria algo muito polêmico que pudesse servir de moeda nas mãos dos adversários.
"Polícia federal está sucateada"
À tarde, em visita a Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Aécio voltou a criticar as declarações da presidente Dilma Rousseff sobre a investigação da Polícia Federal na Petrobras, na Operação Lava-Jato. Para ele, a afirmação de Dilma no debate de domingo na Rede Record, de que ela teria mandado a PF investigar o caso, mostra que o PT tenta se apoderar das instituições governamentais.
- Esse é o retrato mais claro dessa visão patrimonialista, atrasada e pouco democrática do governo do PT, que acha que pode se apoderar das instituições, como se elas estivessem ao seu serviço. A PF investiga porque essa é a sua responsabilidade constitucional - declarou Aécio.
Ele também falou de segurança:
- Infelizmente, a Polícia Federal está sucateada. Tem o menor orçamento de investimentos dos últimos cinco anos. Mas vamos resgatar a PF do ponto de vista de infraestrutura, da valorização dos seus agentes, delegados e da sua autonomia. A PF não investiga porque a presidente da República quer, ela investiga porque essa é a sua função, é uma função determinada pela Constituição - afirmou o tucano.
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