• Tucano diz que Dilma deve desculpas aos brasileiros e compara Marina com torcedor que mudou de time
Flávio Ilha e Diogo Brondani* - O Globo
PORTO ALEGRE, SANTA MARIA (RS) E CAXIAS DO SUL (RS) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse ontem em Porto Alegre que a delação premiada do doleiro Alberto Youssef, negociada com o Ministério Público Federal, vai fazer muita gente "tremer, e muito" com a possibilidade de que outros diretores da Petrobras sejam citados em denúncias de corrupção na estatal.
Aécio afirmou que é difícil acreditar que a presidente Dilma Rousseff não soubesse da corrupção nos negócios envolvendo a estatal, "uma empresa que ela comandou com mão de ferro". Segundo o tucano, Dilma perdeu a oportunidade de remontar a direção da empresa quando assumiu a Presidência e, sob esse aspecto, "tem responsabilidade, sim".
- A minha percepção é de que a coisa é muito mais grave do que está sendo noticiado. Tem muita gente por aí que treme, e muito, com essas delações premiadas e inclusive com uma declaração do diretor preso (Paulo Roberto Costa) em relação à participação de outros diretores da empresa. Não foi um fato isolado, não foi uma célula dentro da empresa. Essa coisa funcionou de forma orgânica dentro da Petrobras ao longo de todo esse governo do PT. Será que dá para acreditar que a presidente Dilma não sabia? - atacou Aécio.
O candidato tucano disse também que a presidente deve desculpas aos brasileiros "pela governança trágica e perversa" que se estabeleceu na Petrobras e anunciou que pretende, se eleito, "reestatizar" a empresa.
Aécio aproveitou para ironizar o discurso anticorrupção da presidente.
- O que a presidente gosta de chamar de malfeitos é, na verdade, um desvio semântico. É pouco para expressar a roubalheira que se estabeleceu dentro da nossa maior empresa - afirmou.
Aécio falou da decisão de anteontem do TCU sobre a refinaria Abreu e Lima:
- É um susto por dia. O Tribunal de Contas da União - não sou eu, não é a oposição - avaliou que houve também superfaturamento em obras na refinaria Abreu e Lima, algo que já denunciávamos lá atrás. É como se os escândalos sucessivos não bastassem.
Ao participar de uma sabatina no Grupo RBS, Aécio usou uma metáfora futebolística para criticar Marina Silva (PSB). Ele comparou a ex-senadora a um torcedor que muda de time.
- Eu vi Marina aqui no Rio Grande do Sul com ataques duros ao PT. Imagino o que achariam os gaúchos de um torcedor que ficou 24 anos como colorado, daí não conseguiu ser presidente e aparece em um Gre-Nal com camiseta do Grêmio. Ou de um gremista que vira colorado - afirmou.
Em campanha ao lado da candidata ao governo do Rio Grande do Sul pelo PP, Ana Amélia Lemos, Aécio voltou a falar de fator previdenciário.
- Nossa proposta não mudou um milímetro sequer. Vamos substituir o fator previdenciário por outro mecanismo que não puna a renda dos aposentados - garantiu.
O tucano voltou a defender "uma discussão franca e profunda" com as centrais sindicais para encontrar "uma alternativa" ao fator previdenciário, que considera perverso aos aposentados. Mas sinalizou que deverá manter, se eleito, algum instrumento de redução do poder de compra das pensões, como forma de minimizar o rombo da Previdência.
- Vamos discutir uma alternativa que não seja tão vigorosa como a que vem sendo usada - disse Aécio.
Crítica ao discurso de dilma na ONU
Aécio se disse estarrecido com as declarações de Dilma na ONU anteontem:
- Em primeiro lugar, ela utilizou um espaço do Estado brasileiro para fazer campanha política. A História se lembrará daquele momento do discurso da presidente na ONU. Ela esqueceu onde estava, para quem falava, para fazer propaganda para o horário eleitoral. Um dia triste para o Brasil.
Num roteiro que incluiu cinco cidades nos três estados da Região Sul num único dia, Aécio também foi a Caxias do Sul (RS), Santa Maria (RS), Blumenau (SC) e São José dos Pinhais (PR). A estratégia para contornar atrasos incluiu comícios relâmpago, cancelamentos e muita correria - inclusive com sinais vermelhos furados.
Em Santa Maria, Aécio fez um discurso de um minuto na praça central, num carro de som improvisado, além de uma caminhada de dez minutos. Em Caxias do Sul, a caminhada foi substituída por uma carreata imprevista, que teve apenas dois carros e uma moto. O comício foi cancelado.
(* Especial para O GLOBO )
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