- Folha de S. Paulo
Winston Churchill morreu há exatos 50 anos. Provavelmente o maior estadista do século 20, teve como um de seus mais duradouros legados a franqueza e abertura na hora correta do embate.
Dissimulado como todos os políticos na lida cotidiana, ele não negou fogo quando preciso. Acusou o risco que a Europa corria ao tentar apaziguar Hitler antes da guerra, falou realisticamente da ameaça de invasão nazista e apontou sem meias palavras a descida da "Cortina de Ferro" sobre os novos satélites da Rússia comunista.
Dilma Rousseff deveria encarnar um pouco do velho buldogue das Ilhas Britânicas. O momento é de grave crise em curso, e tudo o que temos até aqui são os silêncios do palácio, no melhor estilo soberana impávida.
Um crítico pode ver nisso oportunismo: deixar Levy e o Copom darem as más notícias inevitáveis na economia, por exemplo. Mas quando um Eduardo Braga vocaliza sem reprimendas um tabu, o risco de racionamento de energia, é porque estamos em território desconhecido.
Um otimista, por sua vez, pode ver nisso o sinal de uma era de maior transparência. Foi o que faltou por ora a Dilma e, para ficar num exemplo dramático e que afeta a todos, a Geraldo Alckmin na condução da crise que pode levar a "locomotiva do Brasil" a engasgar por falta de água.
No meio do caminho, o realista pode ver um "laissez-faire" casuístico, com direto a orações a algum deus da chuva ou esperança nas benesses duvidosas da enchente de euros promovida pelo Banco Central Europeu.
Na quinta (22), o famoso "Relógio do Apocalipse" regido pelo "Boletim dos Cientistas Atômicos" colocou o mundo a três minutos da meia-noite –que representa o fim da civilização, seja pela aniquilação nuclear ou por cataclismos climáticos. Em termos locais, estamos talvez a um minuto, e Dilma terá a reunião ministerial de terça que vem para tentar ajustar os ponteiros. Ou não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário