Temer diz que PMDB examinará saída do governo por candidatura em 2018
Isabel de Luca, correspondente, O Globo
Em Nova York, vice-presidente foi aplaudido por empresários quando elogiou Joaquim Levy
NOVA YORK — Em viagem oficial a Nova York para vender uma agenda positiva, assim como fez a presidente Dilma Rousseff no fim de junho, o vice-presidente Michel Temer disse nesta terça-feira que o PMDB pode deixar o governo e lançar candidato próprio à presidência em 2018. O assunto foi levantado pelo próprio peemedebista durante uma palestra para advogados americanos, pela manhã. À tarde, em rápida entrevista à imprensa depois de participar de um almoço com investidores, Temer voltou ao tema.
— Perguntaram se o PMDB teria candidato (em 2018), eu disse que sim – afirmou, evitando comentar se ele seria o postulante do partido. — Faltam no mínimo três anos...
Mais cedo, o vice-presidente havia citado em seu discurso na NYC Bar Association, uma espécie de OAB local, o pleito do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para que o partido acompanhasse a sua decisão de partir para a oposição.
— Ele (Cunha) falou que vai trabalhar muito para que o partido possa desvincular-se do governo. É claro que nós, do partido, reiteramos que a decisão é pessoal, mas o partido tem instâncias, e essas decisões são tomadas pelas instâncias partidárias. É uma questão que será examinada daqui pra frente – afirmou. – Evidentemente que pode ocorrer um dia qualquer em que o PMDB resolva deixar o governo, especialmente em 2018, quando entender ter uma candidatura presidencial.
Temer chegou a ser aplaudido no almoço que reuniu dezenas de pesos pesados do mercado financeiro — como JP Morgan, BlackRock, Goldman Sachs, Pimco e Morgan Stanley — quando defendeu a escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda.
— Eles perguntaram o que eu faria se fosse presidente, e eu disse que manteria o Levy, claro. Ele está fazendo um belo trabalho — relatou à saída do estrelado restaurante de cozinha nórdica Aquavit.
Ainda na conversa com jornalistas, Temer atribuiu a “uma inferência da Polícia Federal” a citação das iniciais MT, que constariam de anotações no celular do empreiteiro Marcelo Odebrecht, como sendo suas. Ele frisou que “dezenas de iniciais” foram listadas na análise de dados armazenados no iPhone apreendido na casa do executivo, e garantiu não ter “nenhuma relação com fatos delitosos”:
— Foram dezenas de iniciais. Eu não tenho a menor ideia. Eu nem sei se a Odebrecht colaborou com o partido, com o PMDB. Várias empresas colaboraram, eu até mandei verificar se colaborou. Mas não tenho a menor ideia. É uma inferência da Polícia Federal, não sei se legítima ou ilegítima. Eu conheço o Marcelo Odebrech. Não sei por que está lá. Esse MT pode ser tanta coisa, é uma sigla de muitos nomes e de muitas instituições, quem sabe. É preciso perguntar a eles, assim como atribuíram a outros tantos que eu não quero mencionar aqui. Mas eu não consigo entender e não tenho nenhuma relação com fatos delitosos.
Questionado sobre a defesa das chamadas pedaladas fiscais que o governo entrega nesta quarta-feira ao Tribunal de Contas da União (TCU), o vice-presidente foi breve:
— Conheço juridicamente, acho que está muito bem montado. Agora, o que o Tribunal vai decidir cabe ao Tribunal, né?
Sobre a pesquisa CNT que indicou mais uma queda na aprovação do governo, para 7,7% — a pior desde 1999 —, Temer minimizou:
— Isso e cíclico, né, de vez em quando há essas avaliações, isso aconteceu em muitos governos e a avaliação depois melhora. Vamos aguardar o futuro.
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