• Objetivos de PSDB e PMDB são inconciliáveis
Paulo Celso Pereira – O Globo
Enredada na mais grave crise política do país em pelo menos dez anos, a presidente Dilma Rousseff tem hoje sua mais forte rede de proteção fincada na multiplicidade de interesses individuais dos eventuais beneficiários de sua queda. Aécio Neves e Geraldo Alckmin, na oposição, Michel Temer e Eduardo Cunha, no PMDB, têm prazos e objetivos inconciliáveis.
Aécio e Alckmin não têm qualquer interesse em deixar Michel Temer na Presidência por três anos, na hipótese de impedimento da presidente. Na cadeira, o peemedebista poderia construir um governo de "unidade nacional", termo usado ontem mesmo por ele.
Para os oposicionistas, só dois cenários interessam de fato: a cassação da chapa - que levaria à convocação de novas eleições ou à ascensão imediata de Aécio, caso o TSE assim decida - ou ver Dilma sangrar por três anos, deixando o PT enfraquecido para 2018.
Aécio é o maior beneficiário do primeiro cenário. Alckmin precisa de tempo e por isso flerta com o segundo. Governador do maior estado do país, ele não largará seu posto para se jogar em uma disputa presidencial extemporânea.
Mesmo alvo da Operação Lava-Jato, Cunha poderia ampliar seu espaço em um governo de Temer. Mas a possibilidade de toda a chapa ser cassada transforma-se em um jogo de tudo ou nada. Caso haja novas eleições, ele assumiria a Presidência até o pleito. Só que se o TSE empossar diretamente Aécio Neves, o poder retornaria ao Planalto, e o parlamentarismo à brasileira que Cunha vem cultuando nos últimos meses provavelmente chegaria ao fim.
Por isso, os "golpismos" alardeados por Dilma são hoje seu menor problema. Ao que tudo indica, o único "golpe" que pode derrubá-la é interno, se for provado no Tribunal Superior Eleitoral que o PT abasteceu com recursos ilegais do esquema da Petrobras sua campanha à reeleição.
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