• Em um ano, número de desocupados aumenta em 1,3 milhão. Rendimento médio real é de R$ 1.863 e fica estável, segundo a Pnad Contínua do IBGE
Marcello Corrêa – O Globo
RIO - A taxa de desemprego no país foi de 8,1% no trimestre encerrado em maio, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que apresenta dados para todos os estados brasileiros, e foi divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE. A taxa é a maior da série histórica, iniciada em 2012. Em igual período do ano passado, a taxa foi de 7%. Nos três meses terminados em abril, a taxa havia sido de 8%, igualando-se à do primeiro trimestre de 2013, até então a mais alta da série.
Entre março e maio, o rendimento médio real do trabalhador ficou em R$ 1.863. O valor é considerado estável frente ao registrado em igual período do ano passado (R$ 1.870) e na comparação com o trimestre entre dezembro e fevereiro (R$ 1.877). Ainda no trimestre entre março e maio, a massa de rendimento — ou seja, a soma dos valores recebidos pelos trabalhadores — ficou em R$ 166,1 bilhões, também sem apresentar variação estatisticamente significativa frente a outros períodos.
Entre março e maio, o IBGE calculou que há 8,2 milhões de brasileiros desocupados — ou seja, pessoas que estão disponíveis para trabalhar, mas não conseguem encontrar vagas. Esse número representa um acréscimo de 1,3 milhão de pessoas sem emprego, na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o grupo somava 68 milhões de pessoas. Percentualmente, o avanço do número de desocupados foi de 18,7%.
Total de pessoas que buscam emprego cresceu em 1,6 milhão
Ainda no trimestre encerrado em maio, o número de pessoas em busca de emprego aumentou para 100,3 milhões de pessoas, alta de 1,6% frente ao mesmo período do ano passado — o que representa um acréscimo de 1,6 milhão de pessoas. No mesmo período, a quantidade de brasileiros fora da força de trabalho — aqueles que não estão empregados nem à procura de emprego — também aumentou: passou de 62,8 milhões para 63,7 milhões, alta de 1,4% (ou 864 mil pessoas a mais).
Isso significa que o aumento do número de pessoas que passaram a procurar emprego foi superior à alta do grupo que ajuda a aliviar a pressão do mercado de trabalho. O aumento da taxa de desocupação mostra que parte dos que passaram a procurar vagas não encontrou trabalho.
Já o número de pessoas ocupadas ficou em 92,1 milhões, sem apresentar variação na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, ou frente ao trimestre entre dezembro e fevereiro.
— O que aconteceu foi que subiu a população desocupada. Não houve queda da ocupação, que até subiu, mas subiu, em termos proporcionais, menos do que subiu a desocupação, o que fez com que a taxa se elevasse — explica Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.
Os dados da Pnad Contínua são calculados mensalmente com informações coletadas no trimestre encerrado no mês de referência. Para as informações de maio, foram contabilizados dados de março, abril e maio.
Já a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) — divulgada no fim de junho pelo IBGE e que inclui apenas dados de seis regiões metropolitanas (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) — mostrou que a taxa de desemprego ficou em 6,7% em maio. Foi a maior para o mês desde 2010, quando ficou em 7,5%. Considerando toda a série histórica, que teve início em março de 2002, a taxa de desemprego de maio foi a maior desde agosto de 2010, quando também foi de 6,7%. Ainda segundo a PME de maio, o rendimento médio acumulou queda em um ano de 5%, já descontando a inflação: em maio do ano passado o valor era de R$ 2.229,28. Em maio deste ano, R$ 2.117,10.
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