- O Estado de S. Paulo
A economia brasileira vai afundando no rombo das contas públicas, na disparada da inflação e na quebra dos investimentos que bloqueiam o crescimento, a renda e o emprego.
A política em vigor, o ajuste colocado em prática pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é insuficiente para obter o reequilíbrio das contas públicas e para relançar as bases para o crescimento. Não há outro caminho: é o ajuste mais as reformas.
Não se pode dizer que não foi tentada outra rota. Desde 2010, o governo do PT colocou em marcha a Nova Matriz Macroeconômica. Foi o que levou a economia ao atoleiro porque se baseou no consumo cevado a subsídios, no crédito fácil e nos juros artificialmente baixos.
Ainda há gente, principalmente entre as chamadas esquerdas brasileiras, que repudia a atual política econômica da presidente Dilma que, embora tardiamente, passou a distribuir a conta da má gestão anterior para a população.
Um desses exemplos de ataque à atual política econômica é do ex-governador do Rio Grande do Sul o petista Tarso Genro. Mas ele não sabe o que propor em troca, como se vê há meses por suas intervenções e que foi corroborado pela entrevista publicada domingo no Estadão.
O ex-governador, que quebrou o Rio Grande a ponto de obrigar seu sucessor a deixar de pagar o funcionalismo público, quer um ajuste que onere só os ricos. A proposta dele é passar a cobrar uma taxa sobre patrimônio; aumentar substancialmente o imposto sobre herança; taxar os ganhos financeiros e impor as reformas. Ele não diz o que pretende das reformas, mas o resultado do que imagina não deve ser diferente das propostas que vem fazendo.
É pobre o ajuste que dependa só dos ricos. Se for concentrado em mais impostos sobre patrimônio, que nenhum país sabe como cobrar; se depender da arrecadação do imposto sobre herança, que precisa esperar que o proprietário morra; e se avançar sobre a renda financeira - que, portanto, alcance fundos de investimento, fundos de pensão e a poupança da classe média -, o ajuste será miserável e, como tal, ineficaz.
Nem os Estados Unidos, nem a área do euro, nem o Japão propuseram receitas parecidas com essas e, no entanto, vêm conduzindo a recuperação que pode ser lenta, mas é segura e sustentável.
Agora que a opção socialista ficou inviável, ex-marxistas, quando assumem funções de governo, têm dificuldades para eleger políticas que garantam fundamentos sólidos para o crescimento e para o emprego. Agarram-se a opções que supõem ser keynesianas, que se baseiam na expansão do consumo obtida por aumentos de despesa pública, sem antes examinar a real situação do Tesouro e sem garantir a expansão da oferta de mercadorias, de serviços e de empregos.
Não existe a opção em que insistiu o partido Syriza à frente da Grécia neste primeiro semestre. A rejeição de um programa construído sobre princípios de responsabilidade fiscal implicou a aceitação de pacote ainda mais duro do que o que foi recusado.
Não dá nem para perdoá-los por não saberem o que fazem, porque já sabem o que fizeram e já viram que deu errado.
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