A disposição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de ajudar o governo da presidente Dilma Rousseff vai depender também principalmente da pressão que vier das ruas.
Para avaliar qual caminho vai seguir, o peemedebista tem, inclusive, encomendado pesquisas para ver se os eleitores o relacionam como um nome ligado à petista. Segundo auxiliares do presidente do Senado, os resultados das pesquisas encomendadas por Renan mostram um descolamento da imagem dele e da petista, o que facilitaria a construção de um discurso caso ele decida romper publicamente com o governo.
O peemedebista tem dito a interlocutores que está aberto a uma reaproximação com o governo, mas isso pode mudar caso as manifestações que pedem o impeachment da presidente ganhem força. Os próximos protestos estão marcados para o próximo dia 16.
Renan deixou engatilhado o discurso de que o governo tomou um rumo, principalmente na crise econômica, com o qual não concorda. Por isso, estaria livre para desembarcar da base aliada.
Para lembrar: O "camaleão político"
Com mais de 36 anos de carreira pública, desde que se elegeu pela primeira vez deputado estadual por Alagoas pelo antigo MDB, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), completa 60 anos no dia 15 de setembro, tendo passado por sobressaltos em sucessivos governos. É um "camaleão político", na definição de um aliado.
No governo Sarney, Renan foi um dos artífices da candidatura de Fernando Collor (foto) à Presidência e, depois, integrante da tropa de choque do governo dele no Congresso. Rompeu com Collor posteriormente e contribuiu para sua queda ao acusá-lo de ter conhecimento do esquema PC Farias.
No governo Itamar, foi vice-presidente executivo da Petrobrás Química (Petroquisa) e, em 1994, elegeu-se senador pela primeira vez. Quatro anos depois, se licenciou do cargo para se tornar ministro da Justiça do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo tendo apoiado a candidatura de José Serra em 2002 (o único Estado em que o tucano venceu foi Alagoas), foi um dos primeiros peemedebistas do Senado a apoiar o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano seguinte, logo após emplacar seu apadrinhado Sérgio Machado na Transpetro (que perdeu o cargo por envolvimento na Lava Jato).
Em 2011, já no governo Dilma, como líder do PMDB, foi um dos principais fiadores da governabilidade. Foi relator da Medida Provisória 579, batizada de MP do Setor Elétrico. Em fevereiro deste ano, ganhou pela quarta vez a disputa pela Presidência da Casa na votação mais acirrada que disputou. No mês seguinte, tornou-se alvo de três inquéritos da Operação Lava Jato e, de aliado irrestrito, se distanciou do governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário