• Ministro da Fazenda fala em desafio para não ver o dólar disparar; discurso é visto com preocupação pelo mercado
• Declarações voltaram a alimentar rumores de que Levy, derrotado no envio do Orçamento, possa deixar o governo
Fábio Monteiro e Valdo Cruz – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Derrotado na definição do Orçamento de 2016, que foi enviado ao Congresso com uma previsão inédita de deficit primário, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a mandar recados nesta terça-feira (1º) sobre os riscos de piora da crise econômica.
Em audiência na Câmara, ele disse haver um "desafio para todo mundo", citando sociedade, governo e Congresso, para "botar a casa em ordem". Em seguida, frisou que "evidentemente que ela não está em ordem" e "a gente precisa crescer e ter a confiança para não ver o dólar disparar".
As colocações do ministro foram recebidas com preocupação por operadores de mercado. A reação foi quase simultânea, levando mais pressão ao mercado de câmbio, com o dólar subindo por causa da deterioração da situação fiscal do governo e também por notícias ruins vindas da China.
A fala do ministro voltou a alimentar rumores de que ele pode deixar o governo. Sua equipe, porém, nega.
Em outras intervenções, Levy manteve o tom de alerta sobre a crise econômica atual. Ao citar que o ambiente favorável dos últimos anos na economia brasileira chegou ao fim, Levy disse que cenários piores são reveladores de problemas maiores.
"Como diz um ditado americano, quando a maré é baixa é que você descobre quem está de calção e quem está sem calção", disse. Acrescentou que "é uma realidade, nós vínhamos de um período de expansão e a maré mudou. A ficha tem que cair".
Ele defendeu ações rápidas para solucionar a crise. "Estamos enfrentando um cenário diferente. Deixamos o toldo aberto e começou a chover. Temos que correr para consertar o telhado", afirmou para, logo depois, dizer que "isso vai certamente exigir sacrifício do próprio governo".
Para superar o momento, o governo precisa definir uma estratégia com menos gastos e maior controle fiscal, na avaliação de Levy. "O Orçamento não deve ser interpretado como uma receita para viver em deficit", disse. "Se a gente não quer mais impostos, a gente tem que prestar atenção para não ter mais despesas."
Levy também descartou a possibilidade de desbloquear as contas do Rio Grande do Sul. O bloqueio foi feito após novo atraso do pagamento mensal da dívida.
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