Por Fernando Exman e Bruno Peres - Valor Econômico
BRASÍLIA - A mais recente pesquisa do instituto MDA, divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), apurou uma variação positiva na avaliação positiva do governo Dilma Rousseff dos 7,7% observados em julho para 8,8%. Também registrou um avanço dentro da margem de erro de 2,2 pontos na aprovação pessoal da presidente, de 15,3% para 15,9%. Mas contém outras notícias negativas para o governo e o PT.
Uma pode atrapalhar a estratégia do Palácio do Planalto de associar um eventual processo de impeachment a uma tentativa de golpe. A sondagem demonstrou também que a crise enfrentada pelo país e a Operação Lava-Jato continuam a atingir a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal aposta do partido para tentar manter-se no poder nas eleições de 2018.
Lula fica atrás de seus potenciais adversários na disputa. Nas intenções de voto espontâneas, aparece com 7,9% - atrás do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que perdeu a última eleição para Dilma e hoje já teria na largada pelo menos 13,7%.
Na pesquisa estimulada, em nenhum cenário Lula terminaria o primeiro turno na frente. Num segundo turno Lula perderia para Aécio por 45,9% a 28,3%. Contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a derrota seria de 36,4% a 30,2%. E contra o senador José Serra (PSDB-SP) o resultado seria favorável ao tucano em 35,2% a 30,9%. Foram ouvidos 2.002 entrevistados em 136 municípios de 24 unidades da federação em todo país, entre os dias 20 e 24.
Além da insatisfação com a situação do país, outro fator pode explicar essa deterioração do potencial eleitoral do ex-presidente: 87,2% dos entrevistados acompanham ou ouviram falar do escândalo de corrupção na Petrobras e 68,4% consideram Lula culpado pelos malfeitos flagrados na estatal. Dilma é responsabilizada por 69,2%.
Por outro lado, se aparentemente a presidente parece ter conseguido estancar a queda de sua popularidade ainda que num nível baixíssimo, a pesquisa suscita dúvidas sobre a eficácia do discurso oficial contra o impeachment. Segundo a versão do Palácio do Planalto, a abertura de um processo por conta das chamadas "pedaladas fiscais" seria uma espécie de "golpe democrático".
De acordo com o levantamento CNT/MDA, no entanto, 52,6% dos entrevistados têm conhecimento sobre o julgamento das contas do governo no Tribunal de Contas da União (TCU). Desse total, 61,3% consideram a rejeição das contas um motivo para a realização do impeachment e 56,1% acreditam que o Congresso reprovará as contas de 2014 da gestão Dilma.
É verdade que esse percentual ainda representa uma parcela minoritária do universo de entrevistados. Mas Dilma não pode se dar o luxo de correr o risco de ver tal índice crescer, uma vez que essa discussão avançará no Congresso nas próximas semanas e o assunto deve ganhar mais destaque na imprensa. Principalmente porque a maioria dos entrevistados acha que a crise econômica é mais grave que a política, não está disposta a pagar mais impostos e acha que a presidente não está sabendo lidar com a situação econômica do país.
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