Por Raphael Di Cunto e Fabio Murakawa – Valor Econômico
BRASÍLIA - Em uma reunião para pacificar os ânimos do PMDB da Câmara, o líder do partido, deputado Leonardo Picciani (RJ), encontrou-se ontem com quatro deputados do grupo que faz oposição ao governo e acertaram não antecipar a disputa pela liderança da sigla agora. Pelo acordo, os oposicionistas reconheceram que a maioria decidiu pela indicação dos ministros e não vão contestar a liderança, embora possam vir a disputá-la no próximo ano.
O encontro, organizado pelo deputado Carlos Marun (MS), de oposição, serviu para acalmar a bancada, que vivia uma guerra interna desde que Picciani iniciou, na terça-feira, a coleta de assinaturas para ser reconduzido à liderança em 2016, eleição que só ocorreria em fevereiro por voto secreto.
A movimentação desagradou outros grupos do PMDB, como os oposicionistas - que querem o voto secreto e criticaram o uso de lista com o nome dos apoiadores - e deputados de Minas Gerais, segunda maior bancada do partido, que tinham acordo para receber o apoio dos deputados do Rio de Janeiro para disputar a liderança em 2016.
Segundo quatro pemedebistas, Picciani explicou que seus aliados só iniciaram a lista de apoios por causa do manifesto divulgado na semana passada, com 22 deputados, contra a indicação de ministros para o governo Dilma. Parte dos aliados do líder entendeu que o ato foi uma tentativa de destitui-lo do cargo.
Os oposicionistas afirmaram que não foi essa a intenção. "O que manifestamos é que não concordamos que o PMDB use um momento de dificuldade do governo para aumentar o número de ministérios", afirmou o deputado Ronaldo Benedet (SC). "A lista é um equívoco, é desnecessário fazer isso, não vamos contestar a eleição dele para líder", disse Alceu Moreira (RS).
Segundo Marun, a coleta de assinaturas estava criando constrangimento enorme dentro da bancada e foi acertado que a eleição ocorrerá em fevereiro, por voto secreto, conforme decidido no início da legislatura. "Reconhecemos que a decisão de indicar nomes da bancada para o governo não foi pessoal, mas da maioria", disse.
Picciani afirmou que o assunto está suspenso. "Ficou claro que vão respeitar a posição legítima da maioria [de apoio ao governo], embora discordem. Não vai ter nenhum movimento de hostilidade contra a liderança e quem adotar tom diferente está isolado", disse.
A reunião não avançou para a aproximação dos oposicionistas com o governo. Deixaram claro que as posições da minoria também serão respeitadas, com possibilidade de apoio a pautas eventuais, como já ocorre hoje. "Quando o governo fez a oferta de dois ministérios para o PMDB sabia que não tinha o apoio unânime, contaria com 45 a 50 votos", diz um pemedebista.
Nos bastidores, contudo, os dois grupos acusam a fragilidade do outro pelo cessar-fogo. Aliados de Picciani dizem que ele tinha 49 assinaturas pela recondução, mais do que os dois terços necessários, enquanto os oposicionistas afirmam que o número era de 40 sem o apoio de Minas.
Ontem, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva (PT), disse que o PMDB tem responsabilidade na condução das políticas do governo Dilma. "Uma coalizão pressupõe não apenas ocupação de cargos, mas participação nos rumos do governo."
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