• PSDB vê acusação com cautela; para líder do DEM, ‘ela agora caiu na rede’
Thiago Herdy, Cristiane Jungblut - O Globo
-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Um dos coordenadores da campanha de Marina Silva em 2010, o ex-deputado federal do PV pelo Rio de Janeiro Alfredo Sirkis negou ontem ter havido caixa 2 para a candidata na disputa daquele ano. Ele confirma, porém, ter se reunido com o então presidente da OAS, Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, e o candidato a vice-presidente de Marina, Guilherme Leal, para pedir uma colaboração para a campanha.
Segundo informação publicada pelo colunista Lauro Jardim, na edição do GLOBO de ontem, Pinheiro prometeu aos procuradores da Lava-Jato falar sobre um pedido de contribuição para a disputa de 2010, que teria sido feito por Leal e paga fora da contabilidade oficial apresentada à Justiça Eleitoral. Pinheiro tenta fechar um acordo de delação premiada.
Sirkis afirma que, depois do encontro, Pinheiro fez duas doações, a seu pedido, de R$ 200 mil — a primeira em agosto e a segunda em setembro de 2010, totalizando R$ 400 mil. Os repasses foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como contribuições para o Comitê Financeiro Único do PV no Rio de Janeiro, em vez do comitê da campanha nacional.
“As doações serviram para apoiar a campanha presidencial no Estado do Rio de Janeiro, a de governador, de deputados federais e estaduais, que funcionaram naquela eleição com uma logística unificada (material, pesquisas, rádio e TV)”, escreveu Sirkis, em nota divulgada também ontem.
“Não cabe a insinuação de que a campanha de Marina tenha recebido quaisquer doações ilegais”, completou.
Sirkis também deu mais detalhes sobre o encontro: “Houve a reunião em São Paulo (...). Foi a partir de iniciativa do sr. Léo Pinheiro, que tinha interesse em conhecer as ideias da campanha presidencial de Marina pelo PV. A reunião foi curta e consistiu principalmente de perguntas do sr. Léo Pinheiro sobre nossas posições em relação à economia brasileira e questões ambientais”, relatou Sirkis. De acordo com os registros do TSE, os R$ 400 mil da OAS foram gastos pelo PV do Rio com pessoal e impressão de materiais diversos para o partido.
Líderes partidários na Câmara e no Senado receberam com cautela a informação de que Marina Silva recebeu recursos da OAS. Nos bastidores, ironizaram que Marina é uma das maiores críticas dos partidos e da política de doações.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Imbassahy (BA), disse que a citação a Marina surpreende e que é preciso verificar se a informação se confirmará.
— Mas a simples citação é algo novo, porque até aqui ela não estaria envolvida em nenhum processo — disse Imbassahy.
Já o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), criticou o fato de Marina sempre estar atacando os demais partidos e políticos.
— Agora, ela que caiu na rede. É preciso separar o que é doação e o que é dinheiro de corrupção. No caso dela, que se julga a fada da floresta, que fica criticando todo mundo, é complicada (a citação) — disse Pauderney.
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