Por Rafael Rosas | Valor Econômico
RIO - O evento de ontem na Praia de Copacabana que pediu a antecipação de eleições diretas para a presidência da República contou com forte presença de artistas e políticos de oposição ao governo do presidente Michel Temer. Caetano Veloso, Wagner Moura, Sophie Charlote, Daniel de Oliveira, Marcelo Freixo (Psol-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foram alguns dos nomes mais populares entre o "showbizz" e o mundo político presentes.
Mas esse sucesso entre artistas ainda não foi capaz de mobilizar uma multidão. Estimativa dos organizadores - a Polícia Militar do Rio não fez projeção sobre o número de presentes - apontou para 100 mil participantes. O fato é que o grupo que pedia "Diretas Já" e "Fora Temer" ocupava menos de um quarteirão entre as ruas Figueiredo de Magalhães e Siqueira Campos.
Mas se engana quem acha que os números são considerados fundamentais nesse primeiro comício-protesto a favor de antecipar as eleições presidenciais. Diversos políticos presentes ao evento foram claros ao lembrar que em 1984, apesar dos comícios apinhados, a emenda Dante de Oliveira não foi bem sucedida. Mas todos eles ressaltaram que a mobilização popular foi fundamental para eleger Tancredo Neves no Colégio Eleitoral e para proporcionar a instalação da Assembleia Constituinte.
O deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) foi direto ao ser questionado sobre o que poderia fazer o Congresso aprovar uma emenda para eleições diretas: "O povo nas ruas".
Para o deputado, essa pressão popular, caso cresça, pode obrigas o Congresso a aprovar um pedido de impeachment contra Temer. Nesse sentido, frisou que o Rede estuda entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decida sobre os pedidos de impeachment que já chegaram às suas mãos. "Caso ele entenda que não deve aceita-los [os pedidos], ele deve rejeita-los. O que ele não pode fazer é não decidir", disse. "O Brasil não pode ficar à deriva enquanto ele protege seu aliado e trabalha pela sua candidatura [numa eventual eleição indireta]", acrescentou.
O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) afirmou que não há problema em haver duas eleições diretas para a Presidência da República no espaço de um ano. "O problema é não ter nenhuma eleição em 21 anos", disse Freixo, frisando que o movimento "Diretas Já" foi fundamental para a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral e a instalação da Assembleia Constituinte.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou ontem que o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seria a alternativa mais rápida para uma substituição no comando do Palácio do Planalto. Randolfe também disse que o crescimento da participação popular em eventos como o de ontem será fundamental para pressionar o Congresso a aprovar a realização de eleições diretas caso o governo Temer acabe antes do fim de 2018.
Entre os artistas presentes, o ator Wagner Moura foi um dos mais ovacionados pelo público e um dos mais diretos ao falar do alto do carro de som: "É inadmissível que Michel Temer continue na presidência do Brasil", frisou.
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