PSDB pode decidir desembarque do governo Temer na segunda (12)
Venceslau Borlina Filho, Talita Fernandes | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, BRASÍLIA - Com a participação dos presidentes estaduais, a Executiva Nacional do PSDB pode decidir na segunda-feira (12), em Brasília, o desembarque do governo Michel Temer.
Uma reunião foi convocada para as 17h para analisar a "conjuntura política" do país. O encontro será coordenado pelo presidente interino do partido, o senador Tasso Jereissati (CE).
A reunião aconteceria já nesta quinta (8), mas com o prolongamento até sábado (10) do julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pode cassar o mandato do presidente, a agenda foi revista.
Após um almoço nesta quarta (7) com a bancada do partido no Senado, Jereissati afirmou que o partido "não precisa ter cargo e ministérios para continuar apoiando as reformas". Segundo ele, a próxima segunda é o "limite" para que o partido decida sobre a permanência no governo.
A presença dos presidentes estaduais foi solicitada numa reunião no mês passado. O entendimento foi de que a crise era grave e a base do partido precisava ser "ouvida e envolvida".
No convite enviado aos presidentes estaduais de partidos, consta da pauta que haverá discussão para "referendo das ações adotadas pelo partido". Ninguém, porém, soube explicar do que se trata.
ALMOÇO
A fala do presidente da sigla reforça relatos feitos por participantes do encontro. Segundo a Folha apurou, cresceu entre os senadores tucanos o sentimento de que é preciso desembarcar do governo de Michel Temer.
Um tucano disse à reportagem que ao permanecer como principal aliado do Palácio do Planalto, o PSDB pode "perder o bonde da história".
De acordo com um dos presentes, o movimento de desembarque, que era mais forte entre os deputados, "ganhou" o presidente do partido.
Tasso disse ainda que "não vai parar de ter fato novo", sobre a confirmação pelo Palácio do Planalto de que Temer viajou em um jatinho particular a Bahia em 2011. De acordo com o tucano, a sequência de novos fatos "vai mudando a cabeça de deputados e senadores".
Nesta quarta, o governo recuou de informação divulgada na véspera. O presidente negou a afirmação feita pelo empresário Joesley Batista, de que ele teria emprestado um jatinho para que o peemedebista viajasse com a família em 2011, quando ele já ocupava a vice-presidência.
Inicialmente, o Palácio disse que a viagem havia sido feita em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira). No dia seguinte, o governo admitiu que o presidente voou em uma aeronave particular. Contudo, disse desconhecer o proprietário do avião.
PAULISTAS
O PSDB paulista quer a saída do governo, mas a decisão teve que ser adiada. Nesta terça (6), o governador Geraldo Alckmin indicou não ser contrário ao desembarque do governo Temer.
Durante evento da Federação Brasileira de Bancos, ele afirmou ser importante aguardar antes o julgamento da chapa Dilma Rousseff/Temer.
Questionado sobre a opinião de aliados mais jovens que pedem desembarque imediato, disse: "Quem disse que eu sou contra o desembarque?", indagou Alckmin.
"Se você pegar as minhas declarações lá atrás eu disse que o partido deveria apoiar o governo, as medidas de interesse para o país, sem necessariamente participar com ministro", completou.
No último dia 25 de maio, líderes do PSDB se encontraram no apartamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo.
Um dia após esse encontro, o governador paulista afirmou que os"grandes nomes" do partido para uma eventual eleição indireta eram Jereissati e FHC.
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