Salários mais altos não bastam, é necessário que se criem políticas específicas para o magistério
A campanha eleitoral confirma que melhorara qualidade da educação pública é consenso. Nas anteriores foi o mesmo. Os governos, desde a era FH (1994-2002), de forma explícita, destacam a atividade como uma das prioridades de seus programas. Esta concordância entre as forças políticas vem de longe.
O problema está nos resultados. Avançou-se, mas não o suficiente. Criaram-se exames e testes para avaliação da qualidade do ensino; indicadores passaram a servir de radar para o acompanhamento do que acontece nas salas de aula; metas foram pactuadas e hoje se tem instrumentos eficazes de rastreamento do setor. Cabe frisar que de uma educação fraca derivam várias mazelas: baixa remuneração, pobreza, violência etc.
Por óbvio que seja, vale destacar que um ensino de qualidades e basei anum bom professor. Não apenas, mas, sem ele, nada se consegue. Há iniciativas nesta direção em políticas educacionais: para melhoria de salários, condições de trabalho etc. Mas, como tudo na educação, por maior que seja o esforço, parece insuficiente diante das carências.
Levantamentos indicam que o professor de ensino básico ganha, em média, 50% menos que profissionais de mesmo nível de qualificação. Pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) constatou que, em 2014, professores da rede particular tinham salários até mesmo inferiores aos das escolas públicas, estaduais e municipais. Muitos eram obrigados a complementar a renda com outras atividades.
A trajetória da perda de prestígio do professor na sociedade é avassaladora. No Brasil e na América Latina. Livro dos pesquisadores Gregory Elacqua, Diana Hincapié, Emiliana Vegas e Mariana Alfonso (“Profissão: professor na América Latina"), lançado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (B ID ), relaciona o desprestígio entre as décadas de 50 e80à rápida expansão populacional no continente, sem o correspondente crescimento no número de professores, geralmente mulheres.
As condições pioraram, tornando a profissão menos atrativa, enquanto as mulheres ocupavam mais espaço no ensino superior e entravam em outros segmentos do mercado de trabalho. Os especialistas consideram que aquedada taxa de natalidade no continente reduzirá a pressão em salas de aula antes superlotadas.
Mas não se deve esperar que um fenômeno demográfico melhore a atratividade do magistério. São necessárias políticas com este objetivo. E nem tudo se resume a salários mais elevados. Também não podem ser deixados de lado treinamento e avaliação. É preciso que o magistério entre nas aspirações profissionais dos melhores alunos.
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