Por Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - O presidente Jair Bolsonaro deixou em aberto a possibilidade de concorrer à reeleição em 2022. Em entrevista, ao jornal americano "Washington Post", Bolsonaro declarou que esta decisão ainda não foi tomada. A declaração contraria o discurso de campanha. Na eleição, o presidente chegou a se manifestar contra a ideia de buscar mais quatro anos no Planalto, ainda que tenha frisado que uma mudança constitucional como essa depende do Congresso Nacional.
Para publicação americana, Bolsonaro observou que ficar apenas um mandato também "é uma possibilidade" diante das medidas impopulares que pretende implementar para evitar o "colapso da economia", como a mudança no sistema de aposentadoria. "Essas reformas devem ser realizadas no primeiro ano. Porque, depois disso, só com dificuldade você consegue seguir em frente", afirmou. Questionado sobre sua capacidade de convencer os parlamentares a aprovar a reforma da Previdência, o presidente respondeu de forma lacônica: "Não temos alternativa".
Bolsonaro ainda voltou a defender o filho mais velho, o deputado estadual e senador eleito, Flávio Bolsonaro, sobre suas movimentações financeiras e as supostas relações com milicianos. As acusações, segundo o presidente, são políticas e visam desestabilizar sua administração.
"Meu filho sempre trabalhou com o serviço militar e concedeu mais de 300 diferentes condecorações de títulos de honra aos membros das forças armadas que lutaram em combate. Dois deles estão sendo acusados de irregularidades. Naturalmente, a pessoa que concedeu a condecoração não pode ser culpada", apontou.
Além disso, Bolsonaro fez questão de manifestar sua admiração pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao contrário de seus antecessores, já que, segundo ele, o Brasil sempre teve a tradição de eleger mandatários com perfil inimigo de Washington. Sobre a crise na Venezuela, defendeu o fim do regime de Nicolás Maduro, mas garantiu que o Brasil não vai promover uma intervenção militar no vizinho sul-americano. "Não temos um histórico de busca de intervenção militar para resolver problemas". O presidente reconheceu, no entanto, a dificuldade de oficializar a troca no comando de Caracas. "Acontece que ele [Maduro] tem 70 mil cubanos ao seu lado. Por isso não será fácil removê-lo do cargo". Bolsonaro disse que soube pelos serviços de inteligência do Brasil que as tropas venezuelanas não estão tão coesas e que isso pode resultar na troca de comando.
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