Folha de S. Paulo
Os agentes secretos de Biden são mais
rápidos que os de Putin. Biden é que é devagar para agir
Há russos infiltrados entre os resistentes ucranianos. Há ucranianos infiltrados entre os invasores russos. A função de uns e de outros é descobrir os movimentos do inimigo, tentar confundi-lo e, se possível, sabotar. Guerra é guerra e, em todas elas, a informação é tão importante quanto a ação armada —pode tanto antecipar um confronto quanto adiá-lo ou até evitá-lo. E mais de uma guerra já foi ganha numa mesa a quilômetros do front, por um especialista que conseguiu quebrar um código impenetrável. Ou perdida, pelo fato de esse especialista ser um operador secretamente a serviço do outro lado.
Há duas semanas morreu nos EUA, aos 88
anos, um cidadão chamado Peter Earnest. Foi um espião da CIA na Europa e no
Oriente Médio durante a Guerra Fria. Uma de suas missões foi chefiar a equipe
que interrogou um agente soviético que queria passar para o Ocidente. A
operação durou semanas, mas não foi um sucesso, porque um dos interrogadores
americanos espionava para a URSS. Esse era um problema frequente: o agente da
CIA ou da KGB que fingia estar operando para a KGB ou a CIA quando, na verdade,
trabalhava mesmo era para a CIA ou a KGB. Sem falar nos que fingiam estar
fingindo e não estavam fingindo. Ou vice-versa.
Na terça (1), dissidentes de dentro do
governo russo (sim, existem) vazaram um plano de operadores tchetchenos para
matar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski. A ação foi contida, mas
Zelenski não ficou a salvo, porque não tem como não se expor. Já Vladimir
Putin, aliás ex-agente da KGB, não deixa ninguém no Kremlin chegar a menos de
dez metros —podem tentar envenenar seu strogonoff. Só abriu uma exceção para
Jair Bolsonaro, que, para ele, não existe.
Putin levou meses dizendo que não iria
invadir a Ucrânia, enquanto Joe Biden dizia que ele iria invadir, sim.
Significa que os homens de Biden são mais rápidos para espionar. Biden é que é devagar para agir.
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