sexta-feira, 15 de abril de 2022

Alckmin: “A luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular deste país”

Sérgio Roxo / O Globo

SÃO PAULO - Ao receber o apoio das principais centrais sindicais do país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira a reforma trabalhista implantada pelo governo do presidente Michel Temer. Também se comprometeu, caso eleito, a retomar a política de aumento real do salário mínimo.

Ao lado de Geraldo Alckmin (PSB), que na quarta-feira teve a sua indicação para vice da chapa aprovada pelo diretório nacional do PT, Lula se referiu ao impeachment da sua sucessora, Dilma Rousseff, como "golpe".

Em 2016, Alckmin resistiu inicialmente a apoiar o impeachment, mas depois, assim como o PSDB, seu partido na época, se engajou no movimento pelo afastamento de Dilma.

Ao comentar a reforma trabalhista nesta quinta-feira, Lula afirmou:

— Não teve reforma coisa nenhuma. Desmontaram os direitos trabalhistas e desmontaram a estrututura sindical.

O ex-presidente afirmou que não concordava com a cobrança do imposto sindical, mas que essa era a forma que os dirigentes tinham para participar das lutas trabalhistas, o que ficou inviabilizado após a reforma.

Na quarta-feira, ao aprovar a carta programa da federação que formará com o PCdoB e com o PV,  o PT alterou um trecho do texto que falava em "revisão" da reforma trabalhista para um que cita "revogação". O texto ainda terá que ser aprovado pelos demais partidos.

Lula, porém, disse que não haverá uma "volta ao que era antes":

— Nós nem queremos o que era antes, queremos melhorar as coisas. Queremos adaptar uma nova lelgislação trabalhista à realidade atual. A gente não quer voltar a 1943 (data de criação da CLT).

O ex-presidente criticou durante o seu discurso o trabalho intermitente, uma das novidades da reforma trabalhista. E defendeu também que as pessoas que trabalham com aplicativos de transporte ou entrega tenham direitos garantidos.

Segundo Lula, a reforma trabalhista fez parte de um projeto implantado após o PT ser afastado do poder para destruir as políticas de avanços sociais:

— Toda vez que neste querido país e em qualquer país da América Latina aparece um governo progressista, que quer garantir que o povo trabalhador possa melhorar, aparece alguém propondo fazer um golpe.

O ex-presidente ainda disse que a sua prisão pela operação Lava-Jato também fez parte do "golpe".

— A mentira foi contada para dar um golpe no Brasil, para me prender e me tirar do processo eleitoral.

 O ex-presidente se comprometeu a retomar a política de reajuste do salário mínimo do seu governo:

— Nós vamos reajustar o salário mínimo todos os anos de acordo com o crescimento do PIB, além da reposição da inflação — disse.

Em outro momento, falou sobre a sua intenção de promover uma reforma tributária:

— Quem quer ganhar mais vai ter que pagar mais.

Num aceno ao vice, Lula disse ainda que será montada uma mesa de negeociação no Brasil com a presença de representantes dos trabalhadores e dos empresários que pode ter Alckmin no comando.

— Uma mesa de negociação pode ser coordenada pelo vice-presidente, não precisa ser pelo presidente.

O objetivo, segundo o petista, será promover acordos. Ele garantiu que "nada será feito na marra".

 — Não vamos deixar ninguém de fora.

O indicado para vice discursou antes do petista.  Alckmin chamou o colega de chapa de "companheiro Lula". Criticou o presidente Jair Bolsonaro e disse que o seu governo tem "ódio à democracia" e "admiração pela tortura". Falou que ainda que o país vive um momento de "desemprego e estômago vazio".

Alckmin destacou também os momentos da história recente em que políticos de diferentes partidos se uniram, como no combate à ditadura ou na elaboração da constituição. Nesse momento, o indicado para vice de Lula citou seus ex-colegas de PSDB Franco Montoro, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso. 

Por fim, o ex-tucano elogiou, de forma exaltada, o seu companheiro de chapa:

— A luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular deste país: Lula. Viva Lula!

Entre os presentes, o único vaiado foi o presidente do Solidariedade, o deputado Paulinho da Força (SP). Ao ser citado pelos sindicalistas, Paulinho foi chamado de "golpista" por parte da plateia por ter apoiado do impeachment de Dilma.

Estavam presentes no encontro com Lula e Alckmin, os dirigentes de todas as centrais sindicais, com exceção da CSB, que é presidida por Antonio Neto, aliado de Ciro Gomes (PDT).

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