O Estado de S. Paulo
Enquanto seu lobo e a terceira via não vêm,
o risco é debandada para Bolsonaro, não Lula
O União Brasil quer fugir de Jair Bolsonaro
no primeiro turno, o MDB não quer ser só mais um no Centrão e o PSDB... bem, o
PSDB se debate para se manter à tona, jogado para um lado e para o outro por
Bolsonaro, o ex-presidente Lula e as próprias divisões internas. O Cidadania
tenta evitar que todos afundem.
É óbvio que superestimaram a importância do jantar de Lula com senadores em Brasília no início da semana. Ali não teve nada demais. Nem novidade. Quem estava com Lula continuou com Lula, quem não estava continuou não estando.
O MDB tem 12 senadores e nem metade estava
lá, na mansão do ex-senador e ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE). Ele
e o senador Renan Calheiros (AL) são lulistas de outros carnavais. O apoio
deles não muda nada.
Além disso, são oito deputados federais do MDB nos nove Estados do Nordeste, que tende para Lula, e nove só nos três Estados do Sul, onde, sem candidatura própria, a debandada seria para o outro lado – Bolsonaro. Alagoas, de Renan, tem 14 votos na convenção nacional do MDB e o Rio Grande do Sul, 44.
Logo, não é inteligente atacar a senadora
Simone Tebet agora, como já não foi bombardear o ex-juiz Sérgio Moro. Sem
Simone para segurar o MDB e sem Moro na jogada, a maioria dos aliados e dos
votos deles não vai para o petista e pode ir para o capitão.
Assim, o MDB de 14 Estados, suas frentes
(jovem, mulher, afro...) e associações de prefeitos e vereadores reafirmam
apoio a Simone. Ruim com ela, pior sem ela. Com ela, o risco é repetir o fiasco
de Henrique Meirelles em 2018. Sem, o partido perde assento no centro e se
embola com o Centrão – e Bolsonaro. Mais: como Meirelles, ela não tira dinheiro
dos candidatos, pois tem o fundo eleitoral das mulheres.
O União Brasil nasceu de uma fusão
artificial de DEM e PSL, embalado pelos interesses de seus caciques, e tem
problemas de crescimento. Atraiu Moro do Podemos para o limbo e lançou Luciano
Bivar para nada. Você não está entendendo nada? Nem eles entendem. Aliás, não
se entendem.
E no PSDB, João Doria quer entrar no vácuo
das desistências (de Moro, por exemplo) para encostar em Ciro Gomes (PDT) no
terceiro lugar – como aponta a pesquisa do Poder 360 – e demonstrar fôlego,
reduzindo a rejeição. Eduardo Leite está à espreita.
Enquanto seu lobo e o nome da terceira via
não vêm, o maior adversário de Lula e Bolsonaro é a alta rejeição e uma coisa é
óbvia, inclusive para os petistas: a campanha do capitão é muito mais eficiente
do que a do petista. Ainda vamos ter muita emoção. E muito medo!
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