O Globo
Justiça precisa punir comunicadores,
empresários e políticos que incentivaram tentativa de golpe
Camisa da seleção, bandeira verde-amarela,
boné com o nome de Bolsonaro. O mato-grossense Fabrizio Cisneros vestiu
uniforme completo para participar dos atos golpistas em Brasília. De celular em
punho, ele usou as redes sociais para festejar a depredação das sedes dos Três
Poderes.
“Tomamos o poder! Estamos aqui em cima do
Planalto!”, comemorou o extremista, em transmissão ao vivo. As imagens mostram
que ele estava em cima da marquise do Congresso, mas a confusão geográfica foi
seu menor erro no domingo.
Cisneros tentou entrar na política pela via eleitoral. Candidato a vereador em Cáceres, na fronteira com a Bolívia, recebeu apenas 14 votos. Frustrado com as urnas, o protético aderiu ao golpismo. Passou a se alimentar de fake news, acampou em porta de quartel e participou do maior ataque à democracia brasileira desde o fim da ditadura.
O extremista sabia bem aonde os baderneiros
queriam chegar. “É para os militares vir e tomar conta (sic)”, afirmou.
Dizendo-se “patriota”, ele convidou outros bolsonaristas a se juntarem ao
quebra-quebra. “Traz uma excursão, faz uma caravana, pede ajuda do empresariado
da sua cidade”, incentivou. Ao celebrar a destruição do plenário do Supremo,
proclamou, orgulhoso: “É a revolução dos manés”.
Os bolsonaristas se dizem conservadores,
mas são herdeiros do fascismo. Em vez de conservar, querem destruir as
instituições simbolizadas pelos palácios de Brasília. Em seu projeto autoritário,
não há espaço para a divergência. Quem discorda da extrema direita deve ser
calado e varrido da esfera pública.
Por trás dos manés que se julgam
revolucionários, há uma teia de comunicadores, empresários e políticos que
articularam e financiaram o golpismo nos últimos quatro anos. Não adianta
prender o protético sem responsabilizar os personagens que o incentivaram a
cometer crimes.
Uma investigação séria também precisa
identificar e punir as autoridades que patrocinaram ou foram coniventes com o
quebra-quebra. Ao ordenar a prisão de Anderson Torres, ex-secretário de
Segurança do Distrito Federal, o ministro Alexandre de Moraes deu o primeiro
passo nessa direção.
Ex-ministro de Bolsonaro, Torres desmontou
a cúpula da secretaria e viajou às vésperas dos atos golpistas. Com a capital
em ruínas, foi às redes e fingiu indignação. “Criminosos não sairão impunes”,
tuitou.
Que seu desejo seja realizado.
2 comentários:
Um novo tipo de terrorista? O terrorista mané... Que nem conhece o local que é seu alvo! E que tem que ser direcionado pra lá pelos PMs...
Mais um Mané,e que não é Mané Garrincha,rs.
Postar um comentário