Folha de S. Paulo
Aposta em Boulos é arriscada: se ele perder,
a derrota cai na conta do presidente
O PT não tem candidato
próprio à Prefeitura de São Paulo,
mas é como se tivesse. A julgar pelos primeiros acordes da sinfonia, Luiz
Inácio da Silva vai jogar pesado numa aposta que não deixa de ser de alto
risco.
A força com que Lula inaugurou
a campanha de Guilherme
Boulos indica que, se o candidato do PSOL perder, a derrota
cairá na conta do presidente. Nunca, mesmo com candidatos petistas, ele
mergulhou com tanta antecedência e empenho numa eleição na capital paulista.
A ofensiva começou na semana passada com movimentos de peso: em poucos dias Boulos foi nomeado coordenador de um programa do Ministério dos Direitos Humanos dirigido a moradores de rua, com verba de R$ 1 bilhão, viu-se no centro de um ato com a presença de Lula para a construção de casas populares e ganhou do padrinho a promessa de levar Marta Suplicy de volta ao PT para compor a chapa.
Gesto ousado, de difícil execução, porque
Marta é secretária de Relações Internacionais da prefeitura do MDB, como
senadora votou no impeachment de Dilma Rousseff e saiu do PT batendo a porta
para amargor dos ex-companheiros. Mas, depois da atração do hoje
vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), não convém duvidar do poder da sedução
presidencial.
Problemão para o prefeito Ricardo Nunes (MDB)
e demais candidatos, à exceção talvez de Ricardo
Salles (PL), que tende a crescer caso Jair
Bolsonaro abrace de vez sua candidatura e o incentivo de Lula à
polarização seja atendido pelo eleitorado.
O presidente fez o chamamento em recente
reunião do PT: "Nesta eleição vai ser Lula e Bolsonaro outra
vez". Na semana em que pegou firme Boulos pela mão, referiu-se ao
antecessor como "facínora" e "furacão do mal", dentre
outros adjetivos.
Chamou para a briga a direita, sabendo o que
faz. Na pesquisa, o eleitor privilegia os problemas das cidades, mas na hora do
vamos ver mostra predileção pelo jogo de torcidas que joga no lixo a palavra
dita da pacificação.
Um comentário:
Eu sou pela pacificação entre direita e esquerda,mas está difícil.
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