As incisivas reações do núcleo dirigente do PMDB às tentativas que vêm sendo feitas para a troca de Michel Temer por outro representante da legenda como candidato a vice de Dilma Rousseff – tentativas da cúpula do PT, reforçadas ou legitimadas por sinais emitidos pelo Palácio do Planalto e pelo próprio presidente Lula – essas reações têm sido, basicamente, associadas pela mídia ao pragmatismo fisiológico dos peemedebistas, sem avaliação das
implicações que a aliança entre o lulismo e o principal partido do país possa ter na qualidade dos resultados das disputas para os governos estaduais, as duas casas do Congresso e, sobretudo, a presidência da República.
A falta dessa avaliação é compreensível, ou justificável, de um lado, pelo comportamento da maioria do PMDB no atual Congresso, essencialmente de subordinação aos interesses do Planalto, e pelo fisiologismo prevalecente na presença do partido na máquina governamental. De outro lado, ela é devida à predominância de critérios também questionáveis na preparação e no encaminhamento do apoio à candidatura de Dilma Rousseff. E os escândalos éticos que envolveram lideranças peemedebistas afetaram fortemente a imagem delas na opinião pública, sobretudo as do Senado, tornando-as e ao partido mais dependentes
do respaldo de Lula e apequenando a importância da legenda na sustentação parlamentar do Executivo (a que este teve de recorrer após o desastre do mensalão). Num contexto de subordinação política configurado já na adesão ao governo sem que tivesse participado da campanha para a reeleição de Lula.
A decisão das duas alas que comandam o PMDB de marchar para o apoio à candidata situacionista busca combinar uma realidade interna – a vinculação com o Palácio do Planalto da maioria das lideranças regionais, potencializada pela alta popularidade do presidente – com a perspectiva do desempenho de papéis bem menos subordinados ou com razoável grau de autonomia, numa eventual administração de Dilma Rousseff. A partir de uma campanha
eleitoral em que o partido tenha peso significativo. E na qual assegure a conquista de vários governos estaduais, inclusive em disputa com o PT (na Bahia, no Pará, no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso do Sul); a preservação da maioria e do comando das duas casas do Congresso; e uma presença no governo maior que aquela que tem hoje e qualificada ou garantida por um vice-presidente de expressivo peso político e institucional. De fato, para só mencionar
um desses itens – o relativo ao Congresso -, tais maioria e comando bloqueariam a onda de propostas radicais e antidemocráticas que setores do PT e aliados esquerdistas
estão lançando com vistas ao próximo governo.
Ora, tal perspectiva tem muito pouco a ver com a visão de Lula e de sua candidata sobre o papel do PMDB numa gestão presidida por Dilma, e menos ainda com o projeto do estado-maior do PT de ampliar a influência na máquina federal e, a partir dela, no Congresso, em governos estaduais e municipais, na sociedade. E o empenho, dos três atores, para inviabilizá-la centra-se nas resistências à indicação de Michel Temer como candidato a vice,
mais agressiva em áreas petistas e cuidadosa, mas insistente, por parte de Lula e Dilma. Ao invés de um vice como Temer o que eles desejam é uma figura com as características de um José Alencar, cuja imagem de empresário foi muito útil na disputa da reeleição em 2006, e que está sempre de acordo com todas as decisões e posturas do presidente. O que é possível, e mais próximo disso, é a de um peemedebista que deva a escolha a Lula.
Por outro lado, os objetivos do pragmatismo centrista da cúpula do PMDB podem frustrar-se em grande medida ou por inteiro seja pela prevalência do veto a Michel Temer; seja por uma divisão significativa da federação peemedebista na disputa presidencial; seja pelo insucesso de campanhas estaduais relevantes; seja por uma vitória, nessa disputa, do competitivo candidato oposicionista José Serra.
implicações que a aliança entre o lulismo e o principal partido do país possa ter na qualidade dos resultados das disputas para os governos estaduais, as duas casas do Congresso e, sobretudo, a presidência da República.
A falta dessa avaliação é compreensível, ou justificável, de um lado, pelo comportamento da maioria do PMDB no atual Congresso, essencialmente de subordinação aos interesses do Planalto, e pelo fisiologismo prevalecente na presença do partido na máquina governamental. De outro lado, ela é devida à predominância de critérios também questionáveis na preparação e no encaminhamento do apoio à candidatura de Dilma Rousseff. E os escândalos éticos que envolveram lideranças peemedebistas afetaram fortemente a imagem delas na opinião pública, sobretudo as do Senado, tornando-as e ao partido mais dependentes
do respaldo de Lula e apequenando a importância da legenda na sustentação parlamentar do Executivo (a que este teve de recorrer após o desastre do mensalão). Num contexto de subordinação política configurado já na adesão ao governo sem que tivesse participado da campanha para a reeleição de Lula.
A decisão das duas alas que comandam o PMDB de marchar para o apoio à candidata situacionista busca combinar uma realidade interna – a vinculação com o Palácio do Planalto da maioria das lideranças regionais, potencializada pela alta popularidade do presidente – com a perspectiva do desempenho de papéis bem menos subordinados ou com razoável grau de autonomia, numa eventual administração de Dilma Rousseff. A partir de uma campanha
eleitoral em que o partido tenha peso significativo. E na qual assegure a conquista de vários governos estaduais, inclusive em disputa com o PT (na Bahia, no Pará, no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso do Sul); a preservação da maioria e do comando das duas casas do Congresso; e uma presença no governo maior que aquela que tem hoje e qualificada ou garantida por um vice-presidente de expressivo peso político e institucional. De fato, para só mencionar
um desses itens – o relativo ao Congresso -, tais maioria e comando bloqueariam a onda de propostas radicais e antidemocráticas que setores do PT e aliados esquerdistas
estão lançando com vistas ao próximo governo.
Ora, tal perspectiva tem muito pouco a ver com a visão de Lula e de sua candidata sobre o papel do PMDB numa gestão presidida por Dilma, e menos ainda com o projeto do estado-maior do PT de ampliar a influência na máquina federal e, a partir dela, no Congresso, em governos estaduais e municipais, na sociedade. E o empenho, dos três atores, para inviabilizá-la centra-se nas resistências à indicação de Michel Temer como candidato a vice,
mais agressiva em áreas petistas e cuidadosa, mas insistente, por parte de Lula e Dilma. Ao invés de um vice como Temer o que eles desejam é uma figura com as características de um José Alencar, cuja imagem de empresário foi muito útil na disputa da reeleição em 2006, e que está sempre de acordo com todas as decisões e posturas do presidente. O que é possível, e mais próximo disso, é a de um peemedebista que deva a escolha a Lula.
Por outro lado, os objetivos do pragmatismo centrista da cúpula do PMDB podem frustrar-se em grande medida ou por inteiro seja pela prevalência do veto a Michel Temer; seja por uma divisão significativa da federação peemedebista na disputa presidencial; seja pelo insucesso de campanhas estaduais relevantes; seja por uma vitória, nessa disputa, do competitivo candidato oposicionista José Serra.
Jarbas de Holanda é jornalista
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