Espera-se que, com o tempo, arrefeça o interesse da imprensa pelo "lado humano" da presidente eleita, Dilma Rousseff, e cresça, na mesma proporção, o interesse pela substância de seus atos e manifestações de ideias. A curiosidade em torno da sua figura é compreensível. Não só é a primeira mulher chefe de Estado nos 112 anos da República brasileira, como ainda era uma ilustre desconhecida, no sentido literal do termo, para a imensa maioria da população, antes de ser pinçada pelo presidente Lula para disputar a sucessão em seu nome.
Além disso, ela chegou ao proscênio portando uma imagem carrancuda e cercada de histórias de rispidez ou severidade, como se queira, no relacionamento com os seus interlocutores, primeiro no Ministério de Minas e Energia, depois na Casa Civil. O seu estilo cortante no trato com os jornalistas nas preliminares da campanha apenas deu motivo adicional para que a considerassem uma versão nativa da Dama de Ferro, a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.
Daí por que uma tirada de humor ou um brotar de lágrimas em público chamam a atenção da mídia tanto ou mais do que as palavras da presidente eleita sobre as suas eventuais inclinações em matéria de conduta política. Foi o caso dos relatos de sua participação no primeiro encontro de congraçamento com o diretório nacional do PT depois das eleições, no último fim de semana.
Dela ficaram, sobretudo, a sua referência aos "três porquinhos" - apelido dado aos coordenadores de sua campanha, o presidente da sigla, José Eduardo Dutra, o ex-ministro Antonio Palocci e o deputado José Eduardo Martins Cardozo - a quem Dilma elogiou como "companheiros de todas as horas", e o seu choro ao mencionar a "imensa solidariedade" dos militantes. A mesma emoção ela expressou na noite da vitória, ao saudar o seu patrono Lula.
Daquela vez, no que pareceu um condensado da Carta ao Povo Brasileiro do então candidato em 2002, Dilma reafirmou os seus compromissos com a estabilidade macroeconômica e o respeito aos contratos. Já diante da cúpula petista, reiterou a sua profissão de fé democrática, compondo os seus argumentos aos companheiros de forma tal a lhes dar um sabor de advertência ou, quem sabe, de chamada à ordem - o que não foi suficientemente destacado no noticiário.
Além disso, ela chegou ao proscênio portando uma imagem carrancuda e cercada de histórias de rispidez ou severidade, como se queira, no relacionamento com os seus interlocutores, primeiro no Ministério de Minas e Energia, depois na Casa Civil. O seu estilo cortante no trato com os jornalistas nas preliminares da campanha apenas deu motivo adicional para que a considerassem uma versão nativa da Dama de Ferro, a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.
Daí por que uma tirada de humor ou um brotar de lágrimas em público chamam a atenção da mídia tanto ou mais do que as palavras da presidente eleita sobre as suas eventuais inclinações em matéria de conduta política. Foi o caso dos relatos de sua participação no primeiro encontro de congraçamento com o diretório nacional do PT depois das eleições, no último fim de semana.
Dela ficaram, sobretudo, a sua referência aos "três porquinhos" - apelido dado aos coordenadores de sua campanha, o presidente da sigla, José Eduardo Dutra, o ex-ministro Antonio Palocci e o deputado José Eduardo Martins Cardozo - a quem Dilma elogiou como "companheiros de todas as horas", e o seu choro ao mencionar a "imensa solidariedade" dos militantes. A mesma emoção ela expressou na noite da vitória, ao saudar o seu patrono Lula.
Daquela vez, no que pareceu um condensado da Carta ao Povo Brasileiro do então candidato em 2002, Dilma reafirmou os seus compromissos com a estabilidade macroeconômica e o respeito aos contratos. Já diante da cúpula petista, reiterou a sua profissão de fé democrática, compondo os seus argumentos aos companheiros de forma tal a lhes dar um sabor de advertência ou, quem sabe, de chamada à ordem - o que não foi suficientemente destacado no noticiário.
Não foi, evidentemente, para afagar a audiência pela vitoriosa trajetória petista que ela comparou o passado da legenda com as circunstâncias do presente. A "oposição fazendo oposição com propostas às vezes imaturas, dada a inexperiência", lembrou, "foi depurando progressivamente as propostas, aprendendo e sendo capaz de mudar". Uma parte da alocução se destinou a consumo imediato - a partilha, em curso, do poder federal. Foi quando louvou o partido por perceber, presumivelmente, "que tinha que construir uma aliança para governar, tinha que se coligar e estabelecer regras de convivência política, de multiplicidade e diversidade".
Nisso, a rigor, ela repetiu o que o seu mentor pregava no esboço do quadro eleitoral para 2010. Era imperioso, dizia, que o PT desistisse de sair com candidatos próprios nos Estados em que os de outras siglas, notadamente do PMDB, despontavam com chances reais de êxito, em nome do seu engajamento na candidatura Dilma. Agora, para um partido instalado em 17 dos 37 Ministérios - e que quer mais - a menção à convivência política e à diversidade se explica por si só. Numa coisa, pelo menos, ela não apenas se distinguiu de Lula, como ainda manifestou uma intenção flagrantemente oposta à sua retórica divisionista.
O presidente, de fato, não perdia ocasião de separar a população em ricos e pobres, nortistas e sulistas, "nós e eles", pouco lhe importando se a prática fomentaria antagonismos entre os brasileiros. Já a presidente eleita declarou estar imbuída da compreensão de que "temos de governar para aqueles que nos apoiaram e que não apoiaram". Mas o que Dilma diz não é propriamente o que pensam os seus companheiros. Depois que ela deixou o recinto, os hierarcas do PT aprovaram uma resolução que prega a "democratização da comunicação" e um debate sobre "o conservadorismo que se incrustou em setores da sociedade".
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