DEU NO BRASIL ECONÔMICO
O processo da campanha e seus resultados deram duas sinalizações claras do eleitorado brasileiro: há espaço para um partido de direita ideológica e outro espaço para um partido defensor de uma agenda modernizadora verde e social-democrata. A necessária união dos partidos de oposição durante a campanha escamoteou a profunda diferença que existia entre as agremiações e seus ideários, principalmente em questões relativas aos valores que devem servir de base para a formulação das políticas públicas.
É preciso deixar claro que essas ambiguidades partiram da campanha governista, o que foi demonstrado pelo vai e vem sobre a questão do aborto e a liberdade de imprensa, configurando um claro retrocesso das conquistas da luta das mulheres e da cidadania.
Nesse sentido, foi verificada a atitude de algumas lideranças de direita do espectro oposicionista, que durante toda a campanha tencionaram para a adoção de uma abordagem conservadora, muitas vezes baseada num discurso anticomunista, o que além de equivocado já está totalmente ultrapassado pela história.
Dessa experiência o que se sobressaiu foi o encorajamento do DEM e de outras lideranças para trilhar o caminho de uma oposição de corte conservador no aspecto moral e liberal em questões econômicas, para tentar ocupar o espaço como representante desse eleitorado mais à direita.
Na outra ponta do espectro político, a grande votação da candidata do PV, Marina Silva, concentrada principalmente nas classes médias urbanas das grandes cidades, aponta para uma demanda por parte do eleitorado de uma nova agenda política, que passa ao largo do bipartidarismo PT x PSDB.
Essa nova agenda passa pelas questões de um desenvolvimento econômico ambientalmente sustentado, obviamente, mas também, por uma renovada agenda social-democrata de reformas democráticas do Estado.
Para tornar a socialdemocracia um ator protagonista no próximo período, é necessário enfrentar os novos dilemas trazidos pelas mudanças no mundo do trabalho, da cultura e da política internacional: a globalização, o individualismo e as novas formas de ação política que migraram via rede para fora dos mecanismos e instituições da democracia representativa.
A resposta para essas mudanças deve estar assentada num conjunto de valores que a socialdemocracia precisa manter ou adotar: igualdade, proteção aos vulneráveis, liberdade com autonomia, não há direitos sem deveres, não há autoridade sem democracia e o pluralismo cosmopolita.
Para encarar essa nova realidade, o PPS deve fazer uma releitura do que significa ser socialdemocrata hoje e preparar uma agenda reformista, priorizando a reforma política, a tributária, a previdenciária e a trabalhista-sindical, reestruturando nossa capacidade produtiva com ênfase na ciência e na inovação tecnológica e investindo na educação de forma estratégica.
Por fim devemos buscar parceiros entre os partidos que comunguem dessa visão e especialmente nos movimentos sociais e na própria sociedade. É uma boa e grandiosa tarefa!
Roberto Freire é presidente do PPS
O processo da campanha e seus resultados deram duas sinalizações claras do eleitorado brasileiro: há espaço para um partido de direita ideológica e outro espaço para um partido defensor de uma agenda modernizadora verde e social-democrata. A necessária união dos partidos de oposição durante a campanha escamoteou a profunda diferença que existia entre as agremiações e seus ideários, principalmente em questões relativas aos valores que devem servir de base para a formulação das políticas públicas.
É preciso deixar claro que essas ambiguidades partiram da campanha governista, o que foi demonstrado pelo vai e vem sobre a questão do aborto e a liberdade de imprensa, configurando um claro retrocesso das conquistas da luta das mulheres e da cidadania.
Nesse sentido, foi verificada a atitude de algumas lideranças de direita do espectro oposicionista, que durante toda a campanha tencionaram para a adoção de uma abordagem conservadora, muitas vezes baseada num discurso anticomunista, o que além de equivocado já está totalmente ultrapassado pela história.
Dessa experiência o que se sobressaiu foi o encorajamento do DEM e de outras lideranças para trilhar o caminho de uma oposição de corte conservador no aspecto moral e liberal em questões econômicas, para tentar ocupar o espaço como representante desse eleitorado mais à direita.
Na outra ponta do espectro político, a grande votação da candidata do PV, Marina Silva, concentrada principalmente nas classes médias urbanas das grandes cidades, aponta para uma demanda por parte do eleitorado de uma nova agenda política, que passa ao largo do bipartidarismo PT x PSDB.
Essa nova agenda passa pelas questões de um desenvolvimento econômico ambientalmente sustentado, obviamente, mas também, por uma renovada agenda social-democrata de reformas democráticas do Estado.
Para tornar a socialdemocracia um ator protagonista no próximo período, é necessário enfrentar os novos dilemas trazidos pelas mudanças no mundo do trabalho, da cultura e da política internacional: a globalização, o individualismo e as novas formas de ação política que migraram via rede para fora dos mecanismos e instituições da democracia representativa.
A resposta para essas mudanças deve estar assentada num conjunto de valores que a socialdemocracia precisa manter ou adotar: igualdade, proteção aos vulneráveis, liberdade com autonomia, não há direitos sem deveres, não há autoridade sem democracia e o pluralismo cosmopolita.
Para encarar essa nova realidade, o PPS deve fazer uma releitura do que significa ser socialdemocrata hoje e preparar uma agenda reformista, priorizando a reforma política, a tributária, a previdenciária e a trabalhista-sindical, reestruturando nossa capacidade produtiva com ênfase na ciência e na inovação tecnológica e investindo na educação de forma estratégica.
Por fim devemos buscar parceiros entre os partidos que comunguem dessa visão e especialmente nos movimentos sociais e na própria sociedade. É uma boa e grandiosa tarefa!
Roberto Freire é presidente do PPS
Nenhum comentário:
Postar um comentário