Em tom de agradecimento e despedida, Lula repetiu ontem duas de suas mentiras prediletas perante o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Na economia, o ainda presidente disse que seu governo superou a “herança maldita” de FHC e colocou o desenvolvimento em bases sólidos. Na política, ele, Lula, teria sido alvo de uma tentativa de golpe na conjuntura do mensalão. As elites queriam derrubá-lo, mas recuaram por medo de uma reação popular.
Eu às vezes me pergunto o que leva Lula a martelar ad nauseam estas duas grotescas afirmações. Um quê de autismo, talvez ? Ou a velha crença de que uma mentira repetida mil vezes transforma-se em verdade ?
A segunda hipótese – uma mentira repetida mil vezes – me parece mais provável, e combina bem com a tradição petista de reescrever a história brasileira à sua imagem e semelhança.
“Tendo recebido a economia no chão, o governo Lula tê-la-ia estabilizado e reconstruído”. Não vou me estender sobre esta parte da fábula lulista, entre outras razões porque o Estadão já o fez hoje num editorial impecável (“Os fatos desmentem Lula”). Caberia discutir a herança supostamente bendita que Lula está deixando para Dilma Rousseff, mas para isso não faltarão oportunidades - infelizmente.
“Em 2005/2006, as elites ou parte delas ter-se-iam articulado para dar um golpe e derrubar o presidente Lula”. Eis aqui uma afirmação que não deve passar em branco.
Começo pela questão dos direitos autorais. O ex-presidente Jânio Quadros faleceu há muitos anos, mas deixou descendentes. Lula deveria se entender com eles, pois no Brasil foi Jânio, afinal, quem inaugurou esse mau hábito de denunciar conspirações sem jamais informar a identidade dos conspiradores. Anos e anos após sua renúncia (em 1961) à presidência, Jânio ainda jogava a responsabilidade por seu ato nos ombros de “forças ocultas”.
Ora, acusar “forças ocultas” ou membros misteriosos de elites não identificadas é justamente o que um presidente da República não pode fazer. Se estiver no pleno exercício de suas faculdades intelectuais e mentais, cumpre-lhe decidir se foi mesmo alvo de uma tentativa de golpe ou se tudo não passou de uma alucinação passageira.
Admitamos que não foi uma alucinação passageira. Que houve uma tentativa de golpe. Em algum momento daquela conjuntura, numa manhã ou numa tarde, em Brasília ou a bordo do Aerolula, alguém se aproximou de Lula, provavelmente lhe disse que as averiguações ainda precisavam ser checadas, mas…
Mas… O leitor com certeza percebe aonde eu quero checar. Um oficial de inteligência, um político amigo, um empresário mais fiel ao governo do que à sua classe, sei lá, alguém tem de ter alertado Lula sobre uma conspiração em marcha. Alguém com alguma credibilidade, é claro: nessa matéria, José Dirceu, Gilberto Carvalho e assemelháveis não seriam fontes apropriadas.
Muito bem : então Lula foi devidamente informado a respeito de uma conspiração em marcha.
É de se presumir que mandou fazer algumas checagens, e recebeu a confirmação. Havia uma conspiração em marcha. Tanto havia que ele continua a falar nela até hoje.
E ele fez o quê ? Relaxou a gravata, pediu uma Fanta Limão e chorou no ombro de D. Marisa ? Ou cumpriu seus deveres como presidente da República, mandando prender os conspiradores e dando ciência ao Congresso e à Justiça do crime que eles comprovadamente estavam a cometer ?
Na economia, o ainda presidente disse que seu governo superou a “herança maldita” de FHC e colocou o desenvolvimento em bases sólidos. Na política, ele, Lula, teria sido alvo de uma tentativa de golpe na conjuntura do mensalão. As elites queriam derrubá-lo, mas recuaram por medo de uma reação popular.
Eu às vezes me pergunto o que leva Lula a martelar ad nauseam estas duas grotescas afirmações. Um quê de autismo, talvez ? Ou a velha crença de que uma mentira repetida mil vezes transforma-se em verdade ?
A segunda hipótese – uma mentira repetida mil vezes – me parece mais provável, e combina bem com a tradição petista de reescrever a história brasileira à sua imagem e semelhança.
“Tendo recebido a economia no chão, o governo Lula tê-la-ia estabilizado e reconstruído”. Não vou me estender sobre esta parte da fábula lulista, entre outras razões porque o Estadão já o fez hoje num editorial impecável (“Os fatos desmentem Lula”). Caberia discutir a herança supostamente bendita que Lula está deixando para Dilma Rousseff, mas para isso não faltarão oportunidades - infelizmente.
“Em 2005/2006, as elites ou parte delas ter-se-iam articulado para dar um golpe e derrubar o presidente Lula”. Eis aqui uma afirmação que não deve passar em branco.
Começo pela questão dos direitos autorais. O ex-presidente Jânio Quadros faleceu há muitos anos, mas deixou descendentes. Lula deveria se entender com eles, pois no Brasil foi Jânio, afinal, quem inaugurou esse mau hábito de denunciar conspirações sem jamais informar a identidade dos conspiradores. Anos e anos após sua renúncia (em 1961) à presidência, Jânio ainda jogava a responsabilidade por seu ato nos ombros de “forças ocultas”.
Ora, acusar “forças ocultas” ou membros misteriosos de elites não identificadas é justamente o que um presidente da República não pode fazer. Se estiver no pleno exercício de suas faculdades intelectuais e mentais, cumpre-lhe decidir se foi mesmo alvo de uma tentativa de golpe ou se tudo não passou de uma alucinação passageira.
Admitamos que não foi uma alucinação passageira. Que houve uma tentativa de golpe. Em algum momento daquela conjuntura, numa manhã ou numa tarde, em Brasília ou a bordo do Aerolula, alguém se aproximou de Lula, provavelmente lhe disse que as averiguações ainda precisavam ser checadas, mas…
Mas… O leitor com certeza percebe aonde eu quero checar. Um oficial de inteligência, um político amigo, um empresário mais fiel ao governo do que à sua classe, sei lá, alguém tem de ter alertado Lula sobre uma conspiração em marcha. Alguém com alguma credibilidade, é claro: nessa matéria, José Dirceu, Gilberto Carvalho e assemelháveis não seriam fontes apropriadas.
Muito bem : então Lula foi devidamente informado a respeito de uma conspiração em marcha.
É de se presumir que mandou fazer algumas checagens, e recebeu a confirmação. Havia uma conspiração em marcha. Tanto havia que ele continua a falar nela até hoje.
E ele fez o quê ? Relaxou a gravata, pediu uma Fanta Limão e chorou no ombro de D. Marisa ? Ou cumpriu seus deveres como presidente da República, mandando prender os conspiradores e dando ciência ao Congresso e à Justiça do crime que eles comprovadamente estavam a cometer ?
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