Ser sustentável e ser democrático são novas exigências do século XXI. Mas muitos não percebem que o século XX já ficou para trás.
1. Transição democrática - Este é o momento crítico da transição democrática em que o PV tem que fazer a sua prova dos nove e mostrar que é capaz de incorporar em sua estrutura partidária o legado da campanha presidencial de 2010, quando o partido se afirmou como terceira via no impasse entre dois candidatos e assumiu um compromisso de mudança em defesa da qualidade das politicas públicas e de um novo princípio de sustentabilidade.
2. O futuro é agora - A pergunta inadiável que não quer calar é se somos capazes, como partido politico, de absorver internamente os compromissos que a Marina candidata assumiu perante a nação. Se somos capazes, de absorver nosso próprio crescimento incorporando as vozes dos 20% de eleitores dentro de nosso partido para construirmos, juntos, de forma ampliada, um novo Brasil sustentável que possa servir de exemplo ao turbulento e desajustado mundo em que vivemos. Precisamos dividir o poder com os mais jovens. As futures gerações estão batendo a nossa porta. Temos que deixá-los entrar!
3. Miopia suicida - Política é uma força dinâmica que impõe o seu ritmo de maneira implacável. Quando as promessas não encontram respostas criativas em tempo hábil, a atenção do público se frustra e se desloca, em busca de novas promessas e desafios. A hora é essa! O PV tem que mudar! Antes de 2010, que prepara 2014 e não depois, como deseja a maioria da Executiva Nacional.
4. Miopia suicida 2 - Na última reunião da Executiva Nacional, em 17 de março, a maioria de seus membros parecia letárgica, seguindo seu ritualismo usual, sem se importar com a voz das ruas, nem com seu próprio eleitorado. É por isso, talvez, que ficou 6 meses sem se reunir. Para deixar o poder conquistado por Marina esvaziar-se já que talvez não saibam o que fazer com ele. A tese oficial da ‘nomenklatura’ partidária é que os ganhos da eleição passada foram bons para Marina, mas não para o PV, que ficou com o mesmo número de representantes parlamentares.
5. Ganho compartilhado - Tive a oportunidade de dizer, nesta reunião, que a interpretação está errada. Houve ganhos para Marina e maiores ainda para o PV, um pequeno partido que exerceu um papel de gigante, projetando-se como partido médio com força significativa na vida política nacional. O voto majoritário dado a Marina nada tem a ver com o proporcional, dado aos parlamentares, na prática do presidencialismo brasileiro.
6. Avançando para trás - A falta de pressa em agir sinaliza desinteresse por um protagonismo e por novas estratégias políticas e práticas partidárias. É o poder imobilista diante de um Brasil e de um mundo ávido por mudanças e por novas e mais leves estruturas de poder. Vamos crescer, estacionar ou minguar? Ou, pior ainda, quem sabe consolidar uma estrutura de partido tradicional… Deus me livre!
7. Avançando para trás 2 - A proposta do grupo que cerca diretamente o presidente do partido era adiar a reunião da convenção para daqui a dois anos e manter o presidente (em função há doze anos) perpetuando a velha máquina partidária até depois das eleições municipais de 2012!
8. Manobra estranha - O grupo da Marina queria uma nova convenção em julho, a tempo de romper as estruturas oligárquicas, de incorporar novos membros e de usufruir dos bons frutos da redemocratização. Propus um acordo em torno de nova data para a convenção em setembro, antes do prazo final de desincompatibilização (1 ano). Foi a que valeu e foi à votação, afinal adotada pelo grupo da Marina. Do outro lado, a proposta oficial de dois anos, que acabou sendo reduzida para “ até 1 ano” (março do ano que vem, ano eleitoral impróprio para convenções, levando a um possível novo adiamento).
9. Surdez gritante - Outro problema crônico é o desinteresse geral pela conjuntura política, por assuntos da atualidade ou de natureza programática. Operamos até aqui com consensos genéricos, o que me deixa muito insatisfeita, pois minha formação política e profissional me faz valorizar o debate de opiniões e a qualidade das informações. Antes da reunião, previ diante de alguns companheiros que ninguém iria falar da crise nuclear do Japão. Errei. A única voz que mencionou a tragédia foi a da própria Marina.
10. Eleitoralismo não! - Em geral, em reuniões da Executiva, o tempo é curto e costuma ser gasto apenas para resolver questões burocráticas, com prioridade para o calendário pré ou pós-eleitoral. É o eleitoralismo que tanto tenho criticado ao longo dos anos e que subjuga e destrói a vida partidária brasileira. Mesmo o PV, que mantém ainda viva a chama do movimento social e que formalmente se inspira e se alimenta dos mesmos, padece deste terrível mal.
11. Que tal conversarmos? - A reunião foi permeada de embates e confrontos como costuma acontecer em tais circunstâncias. Alguém do lado oficial disse que quem tem o poder partidário não o transfere para quem não tem. O que tiver de ser feito, será pelo grupo que hoje controla o partido. Paira no ar, para o poder oficial, o trauma de que Marina quer se apodere do partido e que defende sua “refundação”. Falta diálogo, eis o problema.
12. Luva de pelica - Em sentido oposto, Marina deixou claro a todos que, quando entrou no PV houve garantia de que iria ser atualizado o seu programa e de que haveria um processo de democratização, com ampliação das consultas e eleições internas, incluindo as bases locais do partido. “Se prometi uma nova forma de fazer política não posso ser uma fraude”, disse ela. “Serei coerente. Por coerência deixei o PT. Pela mesma razão, poderei deixar o novo partido”.
13. Reforma partidária - Como contribuição maior à nossa reunião fiz uma proposta que considero relevante. A Reforma Partidária, uma autoreforma que só depende do comando partidário e de seus militantes, já que os partidos são pessoas de interesse privado. Nossos partidos são obsoletos e parecem com a República Velha. Nada tem a ver com a nossa democracia de massas.
14. PV em Rede - O Partido Verde vem procurando uma nova forma de fazer política. E já tem uma proposta revolucionária de democracia partidária. É O PV em Rede, proposto por Sérgio Xavier. Isso pode cortar definitivamente com a ditadura do controle das filiações e dos filiados e com os rituais eleitoreiros de composição da famosa nominata, a lista de candidatos que devemos fabricar a cada eleição. A maioria para perder, apenas para engrossar as votações. Com a democracia em rede, tudo muda. Amplia-se o debate e a participação.
15. Esperança verde - Ainda é tempo de reconstruir a unidade perdida. Não perca esta oportunidade, PV. Será que outros partidos estão interessados em nos comer aos poucos, pelas bordas? Não devemos perder a chance histórica de nos aproximar da sociedade e de abandonar as velhas práticas condenadas por todos!
Aspásia Camargo é deputada estadual PV/RJ
1. Transição democrática - Este é o momento crítico da transição democrática em que o PV tem que fazer a sua prova dos nove e mostrar que é capaz de incorporar em sua estrutura partidária o legado da campanha presidencial de 2010, quando o partido se afirmou como terceira via no impasse entre dois candidatos e assumiu um compromisso de mudança em defesa da qualidade das politicas públicas e de um novo princípio de sustentabilidade.
2. O futuro é agora - A pergunta inadiável que não quer calar é se somos capazes, como partido politico, de absorver internamente os compromissos que a Marina candidata assumiu perante a nação. Se somos capazes, de absorver nosso próprio crescimento incorporando as vozes dos 20% de eleitores dentro de nosso partido para construirmos, juntos, de forma ampliada, um novo Brasil sustentável que possa servir de exemplo ao turbulento e desajustado mundo em que vivemos. Precisamos dividir o poder com os mais jovens. As futures gerações estão batendo a nossa porta. Temos que deixá-los entrar!
3. Miopia suicida - Política é uma força dinâmica que impõe o seu ritmo de maneira implacável. Quando as promessas não encontram respostas criativas em tempo hábil, a atenção do público se frustra e se desloca, em busca de novas promessas e desafios. A hora é essa! O PV tem que mudar! Antes de 2010, que prepara 2014 e não depois, como deseja a maioria da Executiva Nacional.
4. Miopia suicida 2 - Na última reunião da Executiva Nacional, em 17 de março, a maioria de seus membros parecia letárgica, seguindo seu ritualismo usual, sem se importar com a voz das ruas, nem com seu próprio eleitorado. É por isso, talvez, que ficou 6 meses sem se reunir. Para deixar o poder conquistado por Marina esvaziar-se já que talvez não saibam o que fazer com ele. A tese oficial da ‘nomenklatura’ partidária é que os ganhos da eleição passada foram bons para Marina, mas não para o PV, que ficou com o mesmo número de representantes parlamentares.
5. Ganho compartilhado - Tive a oportunidade de dizer, nesta reunião, que a interpretação está errada. Houve ganhos para Marina e maiores ainda para o PV, um pequeno partido que exerceu um papel de gigante, projetando-se como partido médio com força significativa na vida política nacional. O voto majoritário dado a Marina nada tem a ver com o proporcional, dado aos parlamentares, na prática do presidencialismo brasileiro.
6. Avançando para trás - A falta de pressa em agir sinaliza desinteresse por um protagonismo e por novas estratégias políticas e práticas partidárias. É o poder imobilista diante de um Brasil e de um mundo ávido por mudanças e por novas e mais leves estruturas de poder. Vamos crescer, estacionar ou minguar? Ou, pior ainda, quem sabe consolidar uma estrutura de partido tradicional… Deus me livre!
7. Avançando para trás 2 - A proposta do grupo que cerca diretamente o presidente do partido era adiar a reunião da convenção para daqui a dois anos e manter o presidente (em função há doze anos) perpetuando a velha máquina partidária até depois das eleições municipais de 2012!
8. Manobra estranha - O grupo da Marina queria uma nova convenção em julho, a tempo de romper as estruturas oligárquicas, de incorporar novos membros e de usufruir dos bons frutos da redemocratização. Propus um acordo em torno de nova data para a convenção em setembro, antes do prazo final de desincompatibilização (1 ano). Foi a que valeu e foi à votação, afinal adotada pelo grupo da Marina. Do outro lado, a proposta oficial de dois anos, que acabou sendo reduzida para “ até 1 ano” (março do ano que vem, ano eleitoral impróprio para convenções, levando a um possível novo adiamento).
9. Surdez gritante - Outro problema crônico é o desinteresse geral pela conjuntura política, por assuntos da atualidade ou de natureza programática. Operamos até aqui com consensos genéricos, o que me deixa muito insatisfeita, pois minha formação política e profissional me faz valorizar o debate de opiniões e a qualidade das informações. Antes da reunião, previ diante de alguns companheiros que ninguém iria falar da crise nuclear do Japão. Errei. A única voz que mencionou a tragédia foi a da própria Marina.
10. Eleitoralismo não! - Em geral, em reuniões da Executiva, o tempo é curto e costuma ser gasto apenas para resolver questões burocráticas, com prioridade para o calendário pré ou pós-eleitoral. É o eleitoralismo que tanto tenho criticado ao longo dos anos e que subjuga e destrói a vida partidária brasileira. Mesmo o PV, que mantém ainda viva a chama do movimento social e que formalmente se inspira e se alimenta dos mesmos, padece deste terrível mal.
11. Que tal conversarmos? - A reunião foi permeada de embates e confrontos como costuma acontecer em tais circunstâncias. Alguém do lado oficial disse que quem tem o poder partidário não o transfere para quem não tem. O que tiver de ser feito, será pelo grupo que hoje controla o partido. Paira no ar, para o poder oficial, o trauma de que Marina quer se apodere do partido e que defende sua “refundação”. Falta diálogo, eis o problema.
12. Luva de pelica - Em sentido oposto, Marina deixou claro a todos que, quando entrou no PV houve garantia de que iria ser atualizado o seu programa e de que haveria um processo de democratização, com ampliação das consultas e eleições internas, incluindo as bases locais do partido. “Se prometi uma nova forma de fazer política não posso ser uma fraude”, disse ela. “Serei coerente. Por coerência deixei o PT. Pela mesma razão, poderei deixar o novo partido”.
13. Reforma partidária - Como contribuição maior à nossa reunião fiz uma proposta que considero relevante. A Reforma Partidária, uma autoreforma que só depende do comando partidário e de seus militantes, já que os partidos são pessoas de interesse privado. Nossos partidos são obsoletos e parecem com a República Velha. Nada tem a ver com a nossa democracia de massas.
14. PV em Rede - O Partido Verde vem procurando uma nova forma de fazer política. E já tem uma proposta revolucionária de democracia partidária. É O PV em Rede, proposto por Sérgio Xavier. Isso pode cortar definitivamente com a ditadura do controle das filiações e dos filiados e com os rituais eleitoreiros de composição da famosa nominata, a lista de candidatos que devemos fabricar a cada eleição. A maioria para perder, apenas para engrossar as votações. Com a democracia em rede, tudo muda. Amplia-se o debate e a participação.
15. Esperança verde - Ainda é tempo de reconstruir a unidade perdida. Não perca esta oportunidade, PV. Será que outros partidos estão interessados em nos comer aos poucos, pelas bordas? Não devemos perder a chance histórica de nos aproximar da sociedade e de abandonar as velhas práticas condenadas por todos!
Aspásia Camargo é deputada estadual PV/RJ
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