Ex-presidente afirma não ter entendido artigo em que antecessor tucano propõe nova estratégia para oposição
Após palestra para empresários, petista diz que país não quer mais "oposição vingativa, com ódio, negativista"
Luisa Belchior
Enviada especial a Londres
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem, em Londres, a proposta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que o PSDB esqueça o "povão" e invista na nova classe média.
Em artigo escrito para a revista "Interesse Nacional" e antecipado nesta semana pela Folha, FHC disse que os tucanos e seus aliados "falarão sozinhos" se insistirem em disputar com o PT influência sobre os movimentos sociais e as "massas carentes e pouco informadas".
Após participar de seminário organizado pela Telefônica para empresários e investidores em Londres, Lula afirmou não ter entendido o que seu antecessor quis dizer.
"Já tivemos políticos que preferiam cheiro de cavalo ao do povo. Agora tem um presidente que diz que precisa não ficar atrás do povão, esquecer o povão. Sinceramente, não sei como alguém estuda tanto e depois quer esquecer o povão", disse Lula.
"O povão é a razão de ser do Brasil, e dele fazem parte a classe média, a classe rica, os mais pobres. Todos são brasileiros", acrescentou.
"O povo brasileiro não aceita mais uma oposição vingativa, com ódio, negativista. O que o povo brasileiro quer é gente que pense com otimismo no Brasil, afinal de contas conquistamos um estágio de autoestima que já não podemos voltar atrás."
Em seu discurso, Lula "vendeu o Brasil", segundo ele, enfatizando a estabilidade fiscal, econômica e democrática do país. Após a palestra, o ex-presidente minimizou os riscos criados pela aceleração da inflação nos últimos meses.
"Quando estabelecemos as metas de 4,5%, nós colocamos as bandas de 2,5% para mais ou para menos, portanto estamos dentro da meta. Quando nós baixamos da meta e fomos para 3,1% em 2006, ninguém escreveu um artigo me elogiando."
Lula foi o palestrante principal do seminário que a Telefônica fez ontem em Londres. Em seu discurso, restrito para os empresários, enalteceu a democracia no Brasil e prometeu estabilidade para os investidores.
Após o evento, visitou uma churrascaria e abraçou e conversou com os funcionários, todos brasileiros.
"Quis tentar convencer as pessoas de que o Brasil é o país da vez. Eu faço isso na Inglaterra, na Guiné Bissau, onde seja. Quando eu era presidente, nunca tive vergonha de fazer propaganda do Brasil", disse.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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